Postado em 19 de Junho de 2023 às 13h40

Voluntários organizam ensaio fotográfico para gestante internada

A gestante Raquel dos Santos, de 33 anos, está internada no Hospital Unimed Chapecó e não tem previsão de alta (Foto: divulgação).

A ruptura prematura de membranas (rupreme) levou a gestante Raquel dos Santos, de 33 anos, a ser internada no Hospital Unimed Chapecó, com 23 semanas de idade gestacional, no dia 9 de maio deste ano. Por não ter uma previsão de alta hospitalar antes do parto a equipe do setor de Maternidade, com a colaboração de outros setores da cooperativa médica e voluntários, organizou um ensaio fotográfico para registrar esse momento singular na vida dessa família.
         “Eu fiquei sem palavras quando soube da notícia. Jamais imaginava que seria possível fazer o ensaio fotográfico da minha segunda gestação estando internada”, explica Raquel. Ela é controladora de produção em uma agroindústria do município de Quilombo, mas mora em Jardinópolis. Mãe da Jéssica Maysa dos Santos Picinin, de 11 anos, e a espera do Luan Felipe (com 28 semanas de idade gestacional).
         Para a gestante essa experiência foi emocionante. “Sou grata à Deus por colocar essa equipe maravilhosa da Unimed Chapecó para cuidar de nós com muito carinho e nos proporcionar esse momento especial, que ficará para sempre em nossas vidas”, agradece Raquel. A família já tinha planejado realizar um ensaio fotográfico na gestação, mas depois da notícia da internação, sem previsão de alta, esse desejo foi deixado de lado.
         INICIATIVA
         A ideia de organizar o ensaio fotográfico surgiu da equipe de enfermagem, que acompanhará a paciente por um período prolongado de internação. “Não sabemos com que idade gestacional o bebê nascerá, mas tínhamos conhecimento do desejo da mãe em registrar a gestação ao lado de seus familiares. Nossa motivação foi de auxiliar na realização desse sonho”, explica a enfermeira supervisora da Maternidade, Suelen Sinara Dahm Schmidt.
         A proposta foi apresentada à família, que ficou encantada com a mobilização da equipe para que tivessem uma recordação da gravidez. Depois, foi divulgada internamente na cooperativa médica para identificar voluntários que pudessem contribuir com a ação.
         De acordo com a coordenadora de Gestão de Acesso e integrante do Comitê de Hotelaria Hospitalar, Maira Minch, os pedidos de ações de humanização, que beneficiem pacientes, são constantes. “Para realizá-los contamos com ajuda de parceiros. É um colaborador que lembra de outro que poderá contribuir e assim vai. Todos aceitam prontamente, ficam contentes em fazer o bem e ainda acrescentam ideias para aprimorar a proposta inicial. É o que fizemos neste caso, buscamos voluntários para maquiagem, cabelo e foto. Também alinhamos junto às governantas, a organização do cenário. Uma delas trouxe até o tapete de casa para deixar o ambiente mais aconchegante”, relata.
         Para o ensaio fotográfico da gestante internada foi reservado um apartamento. “Buscamos um local reservado para que a família ficasse à vontade”, explica Maira. O resultado de toda essa dedicação, foi uma emoção contagiante. “Seja realizando um desejo, ou simplesmente provocando um sorriso, a hotelaria está sempre pronta para tornar a estadia, de quem está passando por um momento difícil, mais agradável possível, faz parte do nosso propósito”, observa.
         SOLIDARIEDADE
“A Maira entrou em contato comigo porque ficou sabendo por outra coordenadora que no passado eu trabalhava com maquiagem e cabelo. Quando ela compartilhou (do que se tratava a proposta), aceitei imediatamente e adiantei que conseguiria a fotógrafa”, recorda a consultora comercial da Unimed Chapecó, Mariana Moura da Silva ao explicar como recebeu o convite para colaborar com a ação social.
Para Mariana contribuir com um momento tão importante na vida de um paciente gera uma sensação de dever cumprido. “É gratificante ajudar as pessoas. Estender a mão nesse momento para Raquel foi inspirador. É emocionante ver a alegria dela e de sua família. Levo comigo que sempre devemos fazer o bem, independentemente das circunstâncias da vida, porque tudo que plantamos, colhemos!”, destaca.
Mariana estendeu o convite em colaborar para sua prima Kauana da Silva, queaceitou a experiência. Kauana é fotógrafa há cinco anos. Além de registrar o momento, a profissional também emprestou alguns figurinos para a gestante. “Amo materializar ocasiões especiais, principalmente da gestação. Sou mãe e sei como essa fase é única. Foi muito gratificante cooperar para registrar memórias lindas que ficarão para sempre eternizadas nas fotografias”, enfatiza ao comentar que encaminhará as imagens por arquivo digital.
CUIDADOS MÉDICOS
A ginecologista, obstetra e médica cooperada da Unimed Chapecó, Dra. Tiele Almeida Mattjie Gaiardo, explica que a rupreme ocorre quando a bolsa amniótica se rompe antes do trabalho de parto. A bolsa funciona como uma bolha de proteção do feto e impede que microorganismos cheguem até ele. Com o rompimento há maior risco de infecção intrauterina, por isso os cuidados são redobrados.
“Isso pode acontecer em qualquer idade gestacional, porém é muito rara antes das 23 semanas – período no qual o feto torna-se viável, ou seja, tem condições de sobreviver fora do útero. A rupreme ocorre em menos de 1% das pacientes nesta idade gestacional”, enfatiza. Entre os fatores de risco estão colo curto, histórico em gestação anterior, traumas ou causas anatômicas como malformações uterinas.
Após o diagnóstico, segundo a especialista, o bem-estar do bebê deve ser vigiado de perto. “O ambiente ideal para o desenvolvimento fetal requer um mínimo adequado de líquido – o que fica prejudicado após a ruptura de bolsa. Esse ambiente não ideal, acarreta maior risco de restrição de crescimento e desenvolvimento prejudicado dos demais órgãos que ainda estão em formação”, justifica Dra. Tiele.
Essa condição clínica indica um parto prematuro. A médica comenta que quando a rupreme acontece em idade gestacional inferior a 34 semanas o manejo é conservador, com a intenção de prolongar essa gestação até as 34 semanas, quando considera-se que a maioria dos órgãos já têm maturidade e minimiza as sequelas da prematuridade. “Porém, esse é o período máximo para interromper a gestação. Em geral, esse manejo é feito em internação hospitalar, com uso inicial de antibióticos e exames frequentes. Quando a rupreme ocorre após as 34 semanas, o nascimento do bebê deve acontecer na sequência”, finaliza.
 

 
A proposta foi apresentada à família, que ficou encantada com a mobilização da equipe para que tivessem uma recordação da gravidez (Foto: divulgação).
O ensaio fotográfico foi organizado por voluntários (Foto: divulgação).

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