Postado em 06 de Abril de 2023 às 16h29

Saúde óssea, ambiência e problemas respiratórios encerram debates do 23º SBSA

Doutora em Zootecnia Jovanir Inês Müller Fernandes e zootecnista Rafael Castro foram os últimos palestrantes do Simpósio Brasil Sul de Avicultura, que encerrou nesta quinta-feira (6), em Chapecó (SC)

Jovanir Fernandes palestrou sobre saúde óssea

As demandas e os desafios diante do rápido crescimento das aves e aumento no rendimento das carcaças, da automação dos abatedouros, da retirada dos antibióticos promotores do crescimento (saúde única), do bem-estar animal e da sustentabilidade foram explanados pela doutora em Zootecnia e professora associada da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Jovanir Inês Müller Fernandes. Ela palestrou sobre “Saúde óssea – conceitos e aplicações para as novas demandas e desafios da avicultura” no último dia do 23º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA). Promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet), o SBSA encerrou nesta quinta-feira (6).
            Jovavir frisou a importante relação da saúde intestinal com a saúde óssea diante dos problemas locomotores que se observa no campo. “Esses problemas são mais frequentes quanto maior o frango, quanto maior o rendimento de carne, mas isso é um problema bom, pois temos que fazer com que se potencialize o que a genética traz”, comentou, ao acrescentar que é um desafio trabalhar com a saúde locomotora. “Com a retirada dos promotores de crescimento, com as mudanças e os novos paradigmas da produção animal, é importante voltar a estudar conceitos que já havíamos estudado sobre o desenvolvimento ósseo, pois eles se aplicam de forma diferente”.
            As causas dos problemas locomotores são multifatoriais. Entre eles está a rapidez de crescimento dos frangos, mas também existem fatores de manejo, estabilidade de cama e problemas ambientais de calor. “Isso tudo provoca danos na placa de crescimento do osso, que 0passa a ter uma instabilidade durante o crescimento. Com isso, produz fatores anti-inflamatórios que levam ao desgaste maior do osso”.
Jovanir ressaltou que quando a saúde intestinal é comprometida, a nutrição do osso também é, principalmente a absorção de cálcio. “Então temos efeito diretamente sobre o crescimento para mineralização óssea”, explicou. Essa condição é dolorosa para o frango de corte, que se locomove com dor, come menos, não toma água, cresce menos e têm ossos mais frágeis, o que aumenta as condenações no abatedouro. “Temos perdas econômicas gigantes em relação a essas ocorrências dos problemas locomotores”, sublinhou a palestrante.
De acordo com ela, o manejo integrado da nutrição, da saúde intestinal e do próprio manejo do dia a dia dentro do aviário é fundamental. “Não temos uma solução para um problema tão complexo, o que temos são várias maneiras de melhorar a reposta do animal frente à taxa alta de crescimento. Todas as intervenções nutricionais, de saúde intestinal e manejo visam justamente ter um osso mais forte, mais mineralizado e mais saudável para acompanhar esse crescimento”, concluiu Jovanir.
Ambiência e problemas respiratórios
A última palestra do 23º SBSA foi com o zootecnista Rafael Castro que explanou sobre “Falhas de ambiência X problemas respiratórios”. Controle da umidade da cama e ambiente, tratamento de cama no intervalo entre lotes, ventilação mínima e noturna foram alguns dos temas abordados pelo palestrante.
Castro fez um contexto geral das aves, de produção e da pressão sanitária que existe na avicultura moderna. Expôs alguns temas importantes envolvendo ambiência e o que pode potencializar problemas respiratórios para que os profissionais entendam e usem como mais uma ferramenta à disposição do produtor para diminuir o risco de possíveis problemas sanitários. Entre os problemas respiratórios, alertou para a aerossaculite. Abordou sobre como ela ocorre e como as falhas de ambiência impactam. “As lesões podem ter um grau severo, o que ocasiona maiores perdas zootécnicas e também maior perda de qualidade na planta”, frisou.
Quanto à ambiência, ressaltou a importância de ter um olhar para produção e manejo de forma integrada. “Antigamente tínhamos zonas de interdependência, a gente sabia que o manejo afeta a nutrição, que a nutrição afeta a sanidade etc, mas no contexto atual, com tantas dificuldades que temos e principalmente com os aumentos de performance promovidos pelo melhoramento genético e com a evolução tecnológica na produção das aves, estamos em um novo contexto e essas zonas de interdependência se ampliaram absurdamente”.
Castro disse que é impossível separar ações de manejo dos impactos da nutrição e vice-versa, da nutrição na sanidade e assim por diante. “Considerando isso, precisamos trabalhar muito de maneira integrada para controlar um ponto: falando de manejo em específico é o controle de umidade, o processo de intervalo e controle de umidade na cama, a umidade no ambiente. Esse é o principal vilão e essa é a principal mensagem que deixo na palestra”, finalizou.
            O 23º SBSA tem apoio da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), da Embrapa Suínos e Aves, da Prefeitura de Chapecó e da Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária (Somevesc).

 

Palestra integrou a programação do último dia do SBSA

Rafael Castro explanou sobre ambiência e problemas respiratório

Palestra de Rafael Castro encerrou programação científica do SBSA

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