Postado em 15 de Julho de 2022 às 16h35

Os desafios da logística e dos negócios internacionais

Núcleo de Comércio Exterior e Logística Internacional da ACIC debateu o cenário atual e as perspectivas futuras em palestra nesta sexta-feira

  • MB Comunicação Empresarial e Organizacional -
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            Frete internacional e suas perspectivas, como o atual cenário afeta importadores e exportadores brasileiros, impactos da guerra entre a Rússia e a Ucrânia na logística internacional e os reflexos da pandemia da covid-19 foram temas abordados pela gerente comercial da Rentalog, Nayara Morais, na palestra “Logística e negócios internacionais”. O evento foi promovido nesta sexta-feira (15), pelo Núcleo de Comércio Exterior e Logística Internacional (Comex) da Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC).
            O frete internacional teve impacto da pandemia nos dois últimos anos no setor do transporte marítimo, com falta de contêineres, falta de espaço nos navios, postos congestionados, navios descumprindo suas programações, fretes altos e lucros recordes dos armadores. De acordo com Nayara, pesquisas mostram que, embora o número de armadores no mercado americano decresceu de 20 para 11 entre 2015 e 2022, o mercado não é concentrado. “Para os próximos três anos, a tendência não é muito boa. Os fretes se manterão, pois o importador e o exportador estão pagando, ou seja, o armador não tem tendência de diminuir porque a demanda é muito grande”.
            Para Nayara, os impactos da guerra podem ser iguais ou até maiores do que no período da pandemia. A primeira grande mudança se deu na exportação/importação de mercadorias, com grandes empresas de transporte marítimo suspendendo suas operações para portos da Rússia e da Ucrânia. “Isso culminou na paralisação de alguns processos e no abarrotamento de outros portos próximos aos dois países. O mercado de seguros também foi impactado pelo conflito e tende a gerar acréscimo do prêmio previsto no contrato”, expôs a palestrante, ao acrescentar que, além disso, os armadores e transportadores podem se recusar a ir a portos se eles forem considerados inseguros, tanto no que se refere à segurança do porto quanto da rota até ele.
            O preço do frete é outro agravante nesse cenário. Somente em 2020, com a pandemia, o preço do frete marítimo subiu quase 500%, iniciando o ano de 2022 com custo 4,7 vezes maior. Atualmente, 90% das movimentações do comércio internacional são feitas pelo mar. “Em 2022, o impacto no preço dos produtos que dependem do frete marítimo aumentou ainda mais, quadro fortemente influenciado pela parada do Porto de Shanghai, na China, que tem uma fatia relevante do tráfego marítimo mundial. Além da dificuldade em fazer o carregamento dos navios, tem a escassez dos produtos a serem carregados na China. Os dois pontos fazem o preço do frete aumentar, o que faz o preço dos produtos subir. Essa alta no custo para o consumidor final se dá pela escassez de produtos aqui no Brasil”, explicou Nayara.
            Outra consequência que apareceu desde o início do conflito Rússia X Ucrânia foi o aumento do preço do barril do petróleo. Com a Rússia sendo um dos maiores produtores de petróleo do mundo e sofrendo sanções de diversos países, a demanda pela commodity aumentou e, consequentemente, o seu preço. Conforme a palestrante, a tendência é que o valor continue subindo em médio prazo, com o Brasil ainda tendo um agravante por causa da inflação.
            Vale a pena se manter no comércio internacional?
            Nayara ressaltou que, apesar da situação mundial ser difícil, ainda vale a pena investir na internacionalização. “É o caminho das empresas brasileiras. Avaliando a economia mundial, fala-se de recessão em vários países, porém, no Brasil, ainda se fala em crescimento. Então é viável, vale a pena, mas é preciso ir atrás de profissionais qualificados e confiáveis, tanto na assessoria da internacionalização quanto na compra de um frete e no desenvolvimento de um bom comprador”.
            Para Nayara, as empresas que atuam com comércio internacional precisam se programar com antecedência, pois para conseguir um booking de exportação, em muitos casos, é necessário um prazo de seis semanas. “O armador tem esse tempo para liberar espaço e muitas vezes não consegue. Há rotas, como do Brasil para a Europa, por exemplo, que para dois meses para frente já não tem mais espaço. Então é fundamental se programar. Na importação a mesma coisa: programar o estoque e a compra para não faltar mercadoria e o processo fluir. Em relação aos valores não se tem muito o que fazer, só buscar alternativas no mercado, ter parceiros confiáveis e que prestem um bom serviço”.
            O coordenador do Núcleo de Comércio Exterior e Logística Internacional, Thomas Reginatto, enfatizou que esses temas foram muito debatidos desde o início da pandemia e que a situação ainda não normalizou. “Nosso objetivo foi trazer um profissional que atua na área para informar a situação atual e as perspectivas futuras. Assim, podemos planejar os investimentos das nossas empresas e também orientar sobre as melhores alternativas para quem atua no comércio internacional”, finalizou.

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