Postado em 21 de Maio de 2020 às 17h21

Sete passos para superar a crise

Em workshop promovido pelo Sindicont Chapecó, Roberto Dias Duarte apresentou metodologia para enfrentar dificuldades

Os profissionais da contabilidade têm um papel transformador na sociedade, podendo contribuir com as empresas para saírem de situações difíceis ou pelo menos para amenizarem o impacto da crise provocada pelo novo coronavírus. A afirmação é do conselheiro da Omiexperience (São Paulo), Fortes Tecnologia (Fortaleza) e Latourrette Consulting (Porto, Portugal), mentor de escritórios de contabilidade inovadores e professor Roberto Dias Duarte. Durante o workshop online gratuito “Manual de sobrevivência empresarial – guia prático para proteger sua empresa em tempos de crise”, promovido nesta semana pelo Sindicato dos Contabilistas de Chapecó (Sindicont), Duarte apresentou sua metodologia para enfrentamento de crises.
            De acordo com o palestrante, em momentos de grandes crises as pessoas têm tendência de, num primeiro momento, entrar em fase de negação do problema e, depois, em desespero. “Quando estamos na fase do desespero, a emoção toma conta do racional e acabamos tomando atitudes que não são positivas, pelo contrário, são irracionais, ineficientes e ineficazes. Essa metodologia que apresento é um guia para trazer os empresários de volta à racionalidade”, frisou.
            Duarte fez uma analogia com médicos intensivistas que estão na UTI de um hospital, com pacientes em estado grave, mas sem nenhum equipamento para monitorar sinais vitais e fazer exames. “Muito provavelmente receitarão o remédio errado, na dose errada, na hora errada e isso é muito perigoso. O que acontece na maior parte das empresas do Brasil é que elas estão na UTI e, para complicar o quadro, não estão sendo monitoradas”.
            O Manual de Sobrevivência Empresarial apresenta sete passos: fazer o diagnóstico, ter uma boa estratégia, definir equipes, elaborar projetos, medir resultados, liderar a mudança e mudar o comportamento. “O diagnóstico é essencial. É preciso monitorar os sinais vitais da empresa para que se possa receitar o remédio certo, na dose certa e na hora certa para não matar o ‘paciente’”, reforçou Duarte.
            Conforme o palestrante, é necessário monitorar o cash runway da empresa, ou seja, o batimento cardíaco. “Cash é dinheiro e runway é a pista de corrida. É o fôlego financeiro que a empresa tem para enfrentar um caminho difícil. A equação é simples: basta somar a quantidade de dinheiro que há no caixa, na conta corrente e nas aplicações de curto prazo e dividir pela queima mensal”, explicou. Duarte criou um quadro para classificar o diagnóstico do batimento cardíaco da empresa: se ela tem mais de 12 meses de cash runway, está em estado de observação; caso possua entre seis e 12 meses entra em caso de alerta; se tem entre três e seis meses (estado de emergência), a empresa vai para a uti. “Nesse caso terá que cortar gastos e sem anestesia, vai doer”, assinalou Duarte. Caso a empresa tenha menos de três meses de cash runway está em estado de calamidade. “Não só ficará na uti como também será entubada e vai doer um bocado mais”.
O problema é que as pequenas e médias empresas no mundo têm só 27 dias de fôlego financeiro e, no Brasil, ainda menos. “Monitorar o sinal vital é o mais importante, mas não é suficiente para prescrever um tratamento”, frisou Duarte. Para investigar mais é preciso entender os elementos que influenciam diretamente no cash runway, como o EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), capital de giro, investimentos, dívidas e pró-labore e lucro distribuído. Aliado a isso, o palestrante enfatizou a necessidade de automatizar processos, integrar a cadeia produtiva com o cliente, criar mecanismos de autoatendimento, otimizar processos, entre outros. “Isso é uma real mudança de custos, é fundamental ter uma mudança digital. É difícil, dá trabalho, tem que mudar o modelo de negócio. O mundo exige uma transformação digital completa e isso não significa que tenha que ficar só no digital, as empresas precisam ser multicanais”.
O segundo passo da metodologia é ter uma boa estratégia. Duarte sugere uma tática agressiva de defesa se a empresa está em estado de calamidade. “Não tem saída fácil, mas para tudo tem solução, menos para a morte”. A terceira etapa é definir equipes no que ele chama de salas de guerra. “São três forças-tarefas que farão a defesa, a fidelização de clientes e o ataque. São equipes multidisciplinares, com responsabilidades e tarefas bem definidas”, explicou.
A sala de guerra 1 tem objetivo de reduzir “queima” mensal e gerar caixa, com profissionais dos setores de tributos, trabalhista, financeiro, tecnologia e produção. A equipe 2, de fidelização, visa manter receitas e descobrir oportunidades. O perfil da equipe é de relacionamento. “Essas pessoas vão ouvir os problemas dos clientes e dizer que, junto com a equipe, vão fazer o possível para buscar soluções”, orientou Duarte. A terceira sala de guerra é o ataque, com objetivo de gerar novas receitas. A equipe é formada por profissionais das áreas de marketing, vendas e especialistas. “Quando o empresário está em situação de desespero tem que levá-lo para a situação de racionalidade. Não existe nada melhor que números para isso. Então, façam planilhas, mostrem dados e proponham soluções”, acrescentou o palestrante.
Elaborar bons projetos é a quarta fase da metodologia, com objetivo, data de início e fim, orçamento, equipes, recursos, plano de trabalho e execução. “Tem que ter impacto a curto prazo, ou seja, em uma semana. Na situação atual, um mês é longo prazo”, observou Duarte. O próximo passo é medir resultados, seguido por liderar a mudança. “O líder desse processo coordena as salas de guerra, prioriza projetos, motiva as equipes, faz reuniões de acompanhamento. É fundamental diálogo e transparência”. Por último, está a real mudança de comportamento.
            Duarte ressaltou que os profissionais de contabilidade fazem parte desse processo, ajudando o cliente a tomar decisões. “O setor de contabilidade é o que tem mais oportunidades de negócios. É preciso sair de produtor de guias de pagamentos para ser conselheiro das empresas, ou seja, contribuir para a tomada de decisões estratégicas e para a mudança do negócio”, concluiu Duarte.

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