Postado em 28 de Dezembro de 2022 às 14h04

“Ser otimista é o dever de toda liderança”, afirma Neivor Canton

Neivor Canton foi eleito Empresário do Ano 2022.

——————

Neivor Canton, eleito Empresário do Ano 2022, chegou em Chapecó há 16 anos, integrando movimento cooperativo no setor do agronegócio. Cooperativista, filho de um casal de pequenos produtores rurais, desde cedo se dedicou ao agronegócio. Ao agradecer o reconhecimento na noite de eleição, disse que receber o Troféu Nelson Galina é uma honra. “Receber esse reconhecimento da sociedade empresarial de Chapecó é uma honra, especialmente por poder compartilhar esse momento com dois ilustres e renomados empresários. Divido por três essa honraria”.
A lista dos três empresários mais votados foi composta por Canton, pelo empresário do ramo das comunicações e do setor hoteleiro, Alfredo Lang, que dirige o Grupo Condá de Comunicação, e pelo proprietário do Grupo Eko’7 Brasil, Paulo de Souza. A honraria é entregue anualmente pela Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC).
Nesta entrevista Canton relata sua trajetória, fala sobre desafios e expõe algumas perspectivas futuras.
 
O que representou para o Sr. a eleição de Empresário do Ano?
 
Sem dúvida, foi uma honra muito grande receber essa distinção da comunidade empresarial de Chapecó, ao lado de outros dois exitosos empresários que compuseram conosco a lista tríplice, Alfredo Lang e Paulo de Souza. É preciso destacar, contudo, que se trata verdadeiramente de um reconhecimento ao sistema cooperativista ancorado na Aurora Coop e aos seus benfazejos efeitos sociais e econômicos.
 
Sua atuação no municipalismo, no cooperativismo, no agronegócio e nas entidades empresariais e comunitárias foi determinante na sua eleição?
 
A vida é como a matemática: em nossa trajetória algumas ações se somam, outras se subtraem, mas o importante é o sinal de igualdade que deve presidir nossas ações. Acredito que, além da generosidade dos empresários que votaram em nós, nossa trajetória em importantes instituições públicas possivelmente foi levada em consideração. Refiro-me à administração municipal, Fecam, Ocesc, Fecoagro etc.
 
Um breve relato de sua trajetória: como o Senhor iniciou sua vida empresarial?
 
Sou natural de Ipumirim, tenho 68 anos de idade, sou casado com Rosane Marina de Marco Canton e tenho três filhos: Cândida, Joseane e Neivor Augusto. Comecei a trabalhar muito cedo e sempre tive participação social e associativista. Meu primeiro emprego foi de office-boy de um escritório de contabilidade, em Ipumirim, onde tive meus primeiros contatos com o mundo empresarial. Tive uma passagem pela vida pública (fui vice-prefeito e prefeito de Ipumirim/SC) e depois ingressei no universo do cooperativismo. Presidi a Cooperativa de Produção e Consumo Concórdia (Copérdia), a Federação das Cooperativas Agropecuárias de Santa Catarina (Fecoagro) e a Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc). Quando era prefeito, comandei a Federação Catarinense de Municípios (Fecam) e a Associação dos Municípios do Alto Uruguai Catarinense (Amauc). Concluí graduação em Direito e especialização em Direito Tributário e em Direito Administrativo. Sucedi o saudoso Mário Lanznaster na presidência da Cooperativa Central Aurora Alimentos (Aurora Coop) em 2020.
 
Quais eram os principais desafios, na época e quais são os principais desafios hoje?
 
O oeste catarinense era uma região muito isolada, carente de infraestrutura e distante dos centros de poder. Era necessária muita tenacidade para viabilizar empreendimentos em qualquer área da economia, seja na agropecuária, na indústria ou no setor de serviços. Nesse cenário, as cooperativas foram as grandes âncoras do desenvolvimento econômico da região. Hoje, com a globalização da economia, os desafios não mudaram muito em essência, mas as exigências são muitas. Precisamos produzir com eficiência e sustentabilidade para atingir os mercados mundiais. Apesar dos recursos tecnológicos que dispomos, continuamos penalizados pelas deficiências de infraestrutura das regiões produtoras. 
 
O Senhor dirige a Aurora Coop, uma empresa de alma cooperativista. O que a distingue, na essência, das empresas mercantis?
 
As empresas cooperativistas – como a Aurora Coop e suas 11 cooperativas filiadas – estão enraizadas nas regiões onde atuam e ali permanecem fieis aos seus cooperados, gerando desenvolvimento econômico e qualidade de vida. Os resultados obtidos são integralmente investidos nas comunidades locais. Essa realidade é uma expressão dos princípios do cooperativismo universal que a Aurora Coop defende e põem em prática desde a sua fundação. São diferenciais que a comunidade regional envolvente e o mercado reconhecem e valorizam. Atuamos para manter a sustentabilidade e a rentabilidade de toda a imensa cadeia produtiva na qual atuamos para que todos os atores envolvidos nesse encadeamento produtivo tenham, igualmente, continuidade e prosperidade.
 
Em qual fator reside o sucesso da Aurora Coop?
 
Um deles é a coesão que caracteriza o sistema Aurora Coop, que reúne as cooperativas agropecuárias, as famílias rurais no campo e os milhares de trabalhadores nas indústrias. Outro fator é a combinação de arrojo e responsabilidade empresarial associada com eficiência gerencial, tendo como alguns balizadores o interesse pela comunidade, o respeito e a proteção dos recursos naturais na busca permanente da sustentabilidade.
 
Quais são seus planos empresariais para os próximos anos?
 
A Aurora Coop desenvolve um programa de investimentos em várias frentes, sendo a principal a ampliação e a modernização de suas fábricas e a construção de novas unidades o que envolve – no horizonte de 10 anos – alguns bilhões de reais e a geração de milhares de empregos.
 
Que conselho o senhor daria para um empresário que está iniciando seu negócio?
 
Não importa o tamanho do seu negócio ou da sua empresa, foque no objetivo principal, forme uma boa equipe e a lidere com paixão. Tome todas as “vacinas” que o empreendedorismo requer. Tenha coragem para ousar, mas procure conhecer o mercado onde você quer atuar. Inspire-se nas lideranças que mudaram o Mundo com atitudes inovadoras e ideias disruptivas.
 
O Senhor é um empresário otimista com o futuro do Brasil? O ambiente empresarial está mais hostil hoje?
 
Ser otimista é o dever de toda liderança. Todo ambiente econômico, em face da competição, é naturalmente hostil. O problema não é esse. O Brasil é um país extraordinário, mas precisa melhorar seu ambiente de negócios, criando incentivos concretos ao empresário e ao empreendedor. Como fazer isso? Reduzindo a carga tributária, diminuindo o excesso de regulamentação, eliminando a burocracia, simplificando a necessidade de controles. Fator essencial é a implementação de uma política econômica – fiscal, monetária e cambial – responsável e confiável, com a adoção de âncora fiscal compatível. Dessa forma ampliaremos a confiança dos investidores do Brasil e do exterior.
 
Qual sua avaliação sobre o ano de 2022 que chega ao fim?
 
Superamos a pandemia que assolou o Brasil e o Mundo, mas foi um ano difícil em razão da conjugação, no ambiente global, das crises climática, econômica e política - aqui incluído o conflito Rússia/Ucrânia. A volta do processo inflacionário e o aumento geral nos custos de produção impactaram as empresas de um modo geral e, as famílias, em particular. O agronegócio perseverou, manteve ou ampliou a produção de alimentos e assegurou superávit superior a R$ 140 bilhões na balança comercial.
 
Quais suas previsões para a economia em 2023 no Brasil e no Mundo?
 
No plano interno, esperamos que o novo governo conduza com responsabilidade a gestão macroeconômica, proponha e defenda as reformas que o País precisa e encoraje os empresários e o setor produtivo com políticas de incentivo. O agronegócio continuará sendo a locomotiva da economia brasileira, mas é imprescindível manter as políticas de apoio à agropecuária e à agroindústria. No plano externo, tudo indica que será um ano de imensos desafios. Há previsão de recessão na Europa e na América do Norte. China terá um crescimento menor.
 
Quais as reformas que o senhor considera urgente na República brasileira: a tributária, a administrativa, a trabalhista, a eleitoral?
 
A verdadeira reforma que precisamos é a reforma moral para o restabelecimento de valores e princípios éticos e morais de todos aqueles que ocupam cargos públicos. A nação brasileira não aceita desonestidade, irresponsabilidade, incompetência e omissão. A par disso, acredito que a mais importante – e também a mais difícil de avançar – é a reforma administrativa. Precisamos dar racionalidade ao Estado brasileiro, esse paquiderme enorme, lento, perdulário, que consome os recursos da Nação e devolve pouco. É imperioso reduzir o tamanho do Estado para que sobrem recursos para investimentos. Em termos relativos ou absolutos a máquina administrativa brasileira (em relação ao PIB) é a mais cara do Mundo. As reformas estruturantes são todas necessárias, mas dependerão de um grande pacto nacional.

Neivor Canton relata sua trajetória, fala sobre desafios e expõe algumas perspectivas futuras (Foto: Divulgação/Aurora Coop).

Veja também

Voltar para (Blog)