Postado em 29 de Dezembro de 2020 às 11h11

Empresa rural de Faxinal dos Guedes implanta novo método reprodutivo

Procedimento de Inseminação Artificial por Tempo Fixo em ovinos é inédito em Santa Catarina

 

  • MB Comunicação Empresarial e Organizacional -
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O Sítio Novo Vale, situado na Linha Gruta de Boa Esperança, interior do município de Faxinal dos Guedes no oeste catarinense, foi a primeira propriedade rural do Estado a implantar a Inseminação Artificial por Tempo Fixo (IATF) em ovinos. A introdução dessa solução reprodutiva para ovinocultura e caprinocultura contou com o suporte do Programa de Consultorias de Inovação e Tecnologia do Sebrae (Sebraetec).
A IATF é uma biotecnologia reprodutiva que introduz uma nova genética; facilita o cruzamento, pois não é necessário ter vários reprodutores ou de raças específicas; proporciona maior aproveitamento do ejaculado, que poderá ser utilizado para até dez fêmeas de acordo com a concentração; viabiliza o transporte do sêmen que poderá ser adquirido de outras regiões e evita a necessidade de realizar quarentena dos animais. Ainda entre os benefícios estão: maior controle da reprodução e da eficácia com baixo custo, redução da disseminação de doenças venéreas e melhoramento genético. 
Para esse método reprodutivo estão disponíveis três técnicas: cervical superficial; transcervical e laparoscopia, que são diferenciadas basicamente pela área em que é depositado o sêmen dentro da fêmea. O protocolo padrão do IATF estabelece a colocação do implante, que é retirado após sete dias, seguido da aplicação de hormônios. A inseminação artificial ocorre 54 horas após a retirada do implante. Pode ser utilizado sêmen fresco diluído, resfriado ou congelado.
De acordo com o médico veterinário e consultor credenciado ao Sebrae/SC, Flávio Cristiano Marques Melo, os procedimentos básicos compreendem a preparação da ovelha para a inserção de esponja específica impregnada de progesterona e aplicação de remédio para prevenir possíveis vaginites. “O aplicador é lubrificado e introduzido em um ângulo de 30 graus até encontrar resistência, quando ocorre a implantação da esponja, deixando apenas um pedaço do barbante na parte externa para retirá-la ao fim do protocolo”, explica.
O procedimento induz e sincroniza o cio. Entre as vantagens para os produtores estão: estacionalidade reprodutiva (induz as fêmeas a reproduzirem o ano todo); manejo reprodutivo (otimização de manejos; escalonamento, planejamento de produção e vendas; lotes homogêneos) e dilui os custos de inseminação artificial ao reduzir o intervalo entre os partos e ampliar a produção de cordeiros. 
“A técnica proporciona a formação de lotes homogêneos, com padronização de carcaça, peso e idade que facilita a industrialização e a destinação ao mercado. Além disso, reduz o impacto econômico na propriedade porque possibilita diminuir três estações de monta em dois anos”, antecipa Melo ao comentar que ocorre a agregação de valor ao quilo do cordeiro com a produção na entressafra. 
Segundo o médico veterinário, há uma demanda reprimida por essa carne nobre que Santa Catarina não consegue atender. “A estratégia é disponibilizar mais animais para o abate durante o ano para ampliar a oferta da carne no mercado, respeitando os padrões que os frigoríficos desejam”, enaltece. Com a sincronização de cio é possível formar lotes de 40 fêmeas, que em quatro semanas estarão todas inseminadas, enquanto que na monta natural a pasto pode levar de 50 a 60 dias.
Para o sucesso do procedimento reprodutivo é necessário avaliar os seguintes critérios: sanidade (vacinas, desverminação, etc); avaliação dos casos; escore de condição corporal que deve ser entre 2,5 e 3, em uma escala de 0 a 5; alimentação adequada; flushing (incremento energético, se necessário) de duas a três semanas antes da inseminação artificial; e borrega/cabrita inseminada pela primeira vez com 35 quilos ou com mais de dez meses (antes está em desenvolvimento corporal).
SÍTIO NOVO VALE
A propriedade de Gilmar Francisco Baldissera, com área de 65 hectares de terra, tem como principais atividades econômicas a bovinocultura leiteira, o turismo rural e a ovinocultura (com rebanho de aproximadamente 100 ovinos). Auxiliam na propriedade quatro trabalhadores.
O empresário rural trabalha com ovinos há mais de 20 anos, mas intensificou a inserção de novas técnicas há seis. “Tenho paixão por ovinos, gosto da carne e do manejo com o animal. Sempre gostei de inovar, por isso investi neste empreendimento com a implantação de novas tecnologias”, justifica.
O que mais chamou a atenção de Balsissera na nova técnica apresentada pelo Sebrae/SC foi a possibilidade de produzir animais que melhorarão a qualidade genética do rebanho. “Acho isso necessário e primo pelo aperfeiçoamento na produção. Ainda entre as vantagens estão: evitar o estresse no transporte e com negócios, além da economia e de saber o que estamos inserindo no rebanho”, analisa.
Baldissera comenta que a nova técnica é interessante, principalmente por não estressar ou castigar as matrizes na inseminação artificial e por resultar no maior índice de nascidos. “Agradeço a equipe do Sebrae/SC e sempre que posso indico a entidade nas mais diversas áreas do agronegócio”, destaca.
 
 

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