Estamos vivendo uma curiosa situação: o Brasil e o Mundo consomem nossos produtos e reconhecem a agricultura catarinense como avançada, sustentável e essencial para alimentar boa parte do Planeta. No contrafluxo dos fatos, o governador de Santa Catarina Carlos Moisés da Silva lança dúvidas sobre esse importante setor, ofendendo centenas de milhares de catarinenses que vivem direta ou indiretamente da agricultura e do agronegócio.
O mandatário desorganiza o mercado, desestrutura amplas cadeias produtivas, anula a competitividade do produto catarinense e leva pânico ao campo ao decidir – sem nenhuma análise de impacto social e econômico – aumentar a tributação de todos os insumos agrícolas de zero a 17% (única exceção: medicamentos veterinários e vacinas). Isso representa um golpe mortal para atividades essenciais como o cultivo de lavouras, a criação intensiva de animais e a produção de leite.
A posição do Governador não tem sustentação na realidade, nem na ciência. É fruto – como ele tem manifestado – de uma convicção pessoal. Mas, também é reflexo da ignorância sobre o universo rural barriga-verde e do mais profundo desconhecimento de um dos setores que, nas últimas décadas, tornou-se a locomotiva da economia estadual.
Governador Moisés, o Senhor está prestando um grande desserviço ao povo catarinense. O Senhor não pode subordinar a realidade dos fatos as suas pueris convicções pessoais. Por favor, estude melhor o assunto antes de opinar de forma irresponsável. Chame e ouça os técnicos da Cidasc, da Epagri, da Embrapa, das Universidades.
É constrangedor perceber que nem o altissonante fato do agronegócio responder por 70% das exportações catarinenses sensibiliza o governador para uma conduta responsável e proativa em relação ao campo. Por isso, é lamentável – mas também é indesculpável – que a maior autoridade pública de Santa Catarina desconheça a magnífica estrutura de produção de alimentos que é a agricultura catarinense.
Como reiteramos várias vezes, a agricultura praticada em Santa Catarina é uma atividade orientada pela ciência e tecnologia. A produção de grãos, carnes, leite, mel, frutas, peixes, flores etc. – tudo é balizado pelo conhecimento científico. Esse saber resulta de pesquisas desenvolvidas em universidades, grandes empresas privadas, centros estatais de pesquisas, enfim, em muitos núcleos de geração do conhecimento no Brasil e no exterior.
Todos os insumos agrícolas resultam da pesquisa científica. Não há uso exagerado de nenhum desses insumos – por exemplo, uso intensivo de defensivos – simplesmente porque seria caro, desnecessário e irracional. E a agricultura precisa ser 100% racional para ser, ao mesmo tempo, ambientalmente perpétua e sustentável e, comercialmente, viável.
A desinformação do Governador o faz acreditar que a agricultura catarinense emprega “muito veneno”. Essa falácia capciosa aliada ao desconhecimento move o mandatário a taxar os insumos agrícolas para o uso de defensivos (como os agrotóxicos) e, assim, hipoteticamente “diminuir o envenenamento do meio ambiente”. Esse discurso é próprio de quem nunca colocou o pé na zona rural, não tem a mínima noção do que vem a ser a atividade agrícola. Esses ambientalistas de apartamento ignoram a luta dos produtores e empresários rurais para viabilizar uma atividade com centenas de variáveis imprevisíveis e incontroláveis como o clima, o mercado, as pragas, o excesso de normas e regulação e as decisões de política agrícola e econômica que sempre afetam o setor primário.
A agricultura catarinense é avançada, sustentável, limpa, mantenedora de milhares de empregos e exportacionista. Conjugada com sua co-irmã, a agroindústria, constitui uma longa cadeia produtiva geradora de riquezas e de ampla tributação. Expressão dessa realidade é a posição que Santa Catarina conquistou nas últimas sete décadas como:
- Maior produtor e exportador de carne suína do Brasil;
- Segundo maior produtor e exportador de carne de frango do País;
- Primeiro produtor nacional de maçã, cebola, pescados, ostras e mexilhões;
- Segundo produtor nacional de arroz, tabaco, pera, pêssego e alho;
- Terceiro produtor nacional de erva-mate e mel;
- Maior exportador de mel do Brasil;
- Quarto produtor nacional de leite, uva, cevada e palmito;
- Quinto maior produtor de trigo.
Senhor governador, os efeitos de sua conduta são deletérios. No plano psicossocial, o Senhor está começando a gerar dúvida na mente de consumidores sobre a qualidade de nossos produtos, afetando o nível de confiança do público. No plano econômico, o aumento de impostos que o Senhor pretende impor a todos os insumos agrícolas (algo que nenhum país já fez) só trará efeitos negativos como:
- A majoração dos custos de produção no campo;
- A redução da produtividade média das lavouras e dos plantéis;
- A perda da competitividade dos produtos agrícolas catarinenses nos mercados nacional e internacional;
- A inflação dos alimentos com aumento do custo de vida;
- Queda da arrecadação estadual, pois os insumos serão adquiridos em outros Estados onde não há tributação;
- Desemprego e empobrecimento da população.
Governador, o Senhor tem direito as suas convicções pessoais. Entretanto, em face de suas responsabilidades no exercício do cargo, essas opiniões não podem destruir um importante setor da economia e infelicitar milhares de catarinenses.
Florianópolis, 16 de agosto de 2019.
FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DE SANTA CATARINA (FAESC)
José Zeferino Pedrozo
Presidente
Veja também
Radialista de Tubarão será homenageado no Encontro da Imprensa de SC21/Mai/201921/05/19há 5 anos Terça-feira, 21 de Maio de 201921/05/2019Com 50 anos de atuação na radiodifusão, o jornalista e radialista Geraldo Luiz Salvador, de Tubarão, será homenageado no 12O ENCONTRO DA IMPRENSA CATARINENSE, considerado o maior evento da comunicação barriga-verde, dia 03 de agosto de 2019, sábado, na sede Social da CDL, em Chapecó. O anúncio foi feito pelo presidente da......
Chapecó se destaca como referência em atendimento as micro e pequenas empresas11/Set/202411/09/24há 7 meses Quarta-feira, 11 de Setembro de 202411/09/2024O Simplifica Chapecó foi reconhecido com o 1º lugar no ranking estadual de atendimentos as micro e pequenas empresas, com base nos dados do primeiro semestre de 2024 (Foto: Karina Ogliari/MB Comunicação)...
Senar/SC oferece 446 cursos gratuitos no mês de julho23/Jun/202223/06/22há 2 anos Quinta-feira, 23 de Junho de 202223/06/2022O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Santa Catarina (Senar/SC), órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faesc), divulgou a lista de cursos gratuitos para o público do......