Postado em 03 de Junho de 2020 às 15h36

Assistência técnica e gerencial aumenta produtividade e renda em SC

Programa desenvolvido pelo Sistema Faesc/Senar possibilita maior faturamento às propriedades rurais

O produtor de bovinos de corte de Tubarão, no sul do Estado, Jorge Felisberto, viu a produtividade crescer consideravelmente em três anos. A taxa de prenhez do rebanho de cria passou de 57% para 89% e a lotação dos pastos de verão saltou de 2,5 para 4 animais por hectare.
Na outra ponta do Estado, em Guatambú, no oeste catarinense, a Fazenda Fries superou a média de produtividade na região na última estação de monta encerrada em fevereiro e registrou taxa de prenhez de 96,7%.
Trabalho de gestão que também apontou resultados para o produtor Gilmar Silveira Duarte, de Otacílio Costa, região serrana. A cada temporada de nascimento de terneiros, a Fazenda Vô Belalo colhe os frutos da definição da estação de monta, da escolha de material genético de ponta para a inseminação, do manejo e adubação de pastagens.
Os três pecuaristas fazem parte dos grupos de produtores atendidos pelo programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) na bovinocultura de corte do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC), órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc). O programa atende 1.479 produtores rurais em 134 municípios, número que abrange 46% do território estadual. O objetivo é acompanhar a produção pecuária, auxiliar os produtores no trabalho de campo e orientá-los no gerenciamento das atividades e na gestão dos negócios. Ao todo, o programa supera a marca de 16.500 visitas técnicas individualizadas por ano.
O coordenador estadual do programa, Antônio Marcos Pagani de Souza, detalha que as visitas técnicas diretas às propriedades rurais abordam assuntos voltados ao manejo dos rebanhos e de pastagens, sanidade, nutrição, plantio e adubação. Também trabalha temas voltados à gestão e ao planejamento financeiro das propriedades, tratadas pelo programa como empresas rurais. Reuniões de mobilização, oficinas técnicas, dias de campo e seminários de atualização complementam a assistência técnica e gerencial que tem revelado números impactantes para o setor.
“Com esse conjunto de medidas e a adesão dos produtores rurais a essa nova mentalidade foi possível incrementar o faturamento anual total das propriedades assistidas de R$ 73,7 milhões para R$ 84,3 milhões, aumento de 14% em três anos”, destaca Pagani.
Outro dado que aponta evolução do setor é o número de animais comercializados no período. O programa registrou aumento de 33% nas vendas, saltando de 42.510 para 56.680 bovinos entre o primeiro e o terceiro ano trabalhado. A taxa de prenhez geral medida pela assistência técnica teve evolução de 22%, passando de 65% para 79% em três anos de atendimento.
MERCADO
O presidente do Sistema Faesc/Senar-SC, José Zeferino Pedrozo, destaca que o rebanho bovino catarinense abrange cerca de 4,7 milhões de animais, com crescimento de 19,81% entre 2010 e 2019, de acordo com dados da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc). São 77 mil produtores no Estado, 58% deles agricultores familiares.
“É uma cadeia que vem crescendo muito em Santa Catarina, com participação direta do programa de assistência técnica e gerencial. Só no ano passado, o Estado exportou 3,8 mil toneladas de carne bovina, ocupando a 15ª posição no ranking nacional. A ATeG representa um avanço na capacitação dos produtores rurais, preparando-os para a condução das atividades pecuárias com visão empresarial e o emprego de avançadas técnicas de gestão e controle”, sublinha.
Para o superintendente do Senar/SC, Gilmar Antonio Zanluchi, os números gerados pela assistência técnica e gerencial ressaltam a importância do programa no fomento da pecuária de corte no Estado. “Com a ATeG, os produtores estão investindo mais em tecnologia, melhorando as técnicas de reprodução e colhendo os resultados. É um trabalho que beneficia toda a cadeia produtiva”.
INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
Além da assistência técnica e gerencial, o programa do Sistema Faesc/Senar-SC promove, em parceria com Sebrae/SC, o projeto de adoção do protocolo de Inseminação Artificial por Tempo Fixo (IATF), que consiste na inseminação gratuita de até 80 matrizes de cada propriedade assistida. O produtor rural paga apenas pelo sêmen utilizado na inseminação.
De acordo com Marcos Pagani, o projeto busca acelerar o melhoramento genético, difundir a prática da inseminação artificial em tempo fixo e incrementar a produtividade do rebanho catarinense. Em três temporadas reprodutivas, já foram inseminadas mais de 79 mil matrizes.
“O número de matrizes inseminadas passou de 18.905 na temporada 2017/2018 para 38.266 no resultado parcial de 2019/2020 que está em fase de conclusão. Isso mostra que a adesão dos produtores rurais por novas tecnologias está acelerando de forma muito intensa e trazendo números reais de incremento de produção e renda”, ressalta.
MARCA COLETIVA DE CARNES
Com o objetivo de contemplar toda a cadeia produtiva da pecuária de corte, o Sistema Faesc/Senar também lançou a primeira marca coletiva de carnes: Purpurata. A iniciativa foi apresentada como um selo de diferenciação de produto e poderá ser acessada por outras marcas vigentes no mercado, sem concorrência.
O selo Purpurata certifica as propriedades rurais que promovam práticas de gestão e manejo, como melhorias que atestam sustentabilidade produtiva e ambiental. “O objetivo é agregar valor à remuneração paga ao produtor rural e também proporcionar ao mercado consumidor carne de qualidade e diferenciação”, explica Pagani.
Segundo o coordenador, os terneiros com padrão e qualidade racial recebem brincos de identificação como forma de diferenciação de qualidade no mercado comprador de animais. Dessa forma, todo produtor rural assistido e que adere às técnicas de melhoria no rebanho e na propriedade tem valor agregado na sua produção.
“Buscamos proporcionar ao produtor rural do Estado não apenas melhorias no processo de produção e gestão da fazenda, mas consolidar práticas e tecnologias fundamentais ao agronegócio moderno. Também fomentar o mercado, agregando valor à carne catarinense, buscando acessar mercados extremamente exigentes e que estejam dispostos a pagar pelo produto diferenciado o que ele realmente vale”.

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