Postado em 29 de Novembro de 2019 às 17h07

A QUESTÃO DOS INCENTIVOS FISCAIS: Diálogo e superação em favor de Santa Catarina

Por LUIZ VICENTE SUZIN - Presidente da OCESC (Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina) e do SESCOOP/SC (Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo)

As primeiras movimentações da nova Administração Estadual em relação à agricultura e o agronegócio estiveram pautadas pelo desejo de eliminar incentivos fiscais ao setor primário. Essa predisposição e as ações decorrentes criaram insegurança jurídica, geraram passivo tributário e desestabilização da gestão comercial de cooperativas e empresas. Foi um período de tensão e estresse.
         Entretanto, o diálogo, a transparência, a interlocução das entidades e a participação da Assembleia Legislativa permitiram construir uma ponte de compreensão entre o Governo e o setor produtivo em favor de uma solução para a questão dos incentivos fiscais. Esse ambiente de respeito e cooperação permitiu a proposição de medidas em benefício do cooperativismo e do agronegócio, ou seja, em favor da sociedade.
         A inclinação inicial para eliminar os incentivos sobre alimentos, insumos e outros itens de consumo deu lugar a uma solução equilibrada e moderada. Os alimentos da cesta básica, por exemplo, mantiveram os incentivos. De todos os itens da cesta básica que tiverem incentivos revogados, tinham impacto para o cooperativismo a farinha de trigo e de arroz, arroz, feijão, leite UHT, carnes e subprodutos de aves e de suínos.
Recém-convertida em lei pela Assembleia Legislativa, a Medida Provisória (MP) 226/2019 ajustou, em seu artigo 3º, o percentual de redução de base de cálculo do arroz e da farinha de arroz, para efetivamente ficar com alíquota final de 7%. Essa MP (agora convertida em lei) continha uma emenda substitutiva geral, de iniciativa do Executivo, incluindo as carnes e subprodutos de aves e suínos na cesta básica.
O sistema de crédito de ICMS foi mantido para as operações com milho e farelo de soja. Essa foi uma medida essencial em razão do colossal volume dessas duas matérias-primas usadas na elaboração de rações para nutrição dos gigantescos planteis de aves e suínos. O Decreto 1866/2018 que revoga a possibilidade de manutenção integral do crédito de ICMS nas aquisições interestaduais de insumos agropecuários está suspenso até 31/12/2019, conforme artigo 4º da mencionada MP.
Os principais produtos de interesse do cooperativismo – aqueles que são produzidos e/ou comercializados pelas cooperativas – que foram tributados voltaram a ter  incentivos. O cenário atual é de isenção do ICMS aos defensivos; o retorno à cesta básica farinha de trigo e de arroz, arroz (inclusive integral), feijão e leite UHT; o crédito presumido para estabelecimento beneficiador de arroz; o crédito presumido na entrada de aves e suínos para estabelecimentos abatedores; e o crédito presumido nas operações interestaduais com feijão. Nessa mesma linha: a manutenção do crédito na entrada de insumos agropecuários; o crédito presumido para a indústria de farinha de trigo; e a redução base de cálculo na saída de carnes de suínos e aves (retorno cesta básica).
De modo geral, os principais produtos tiveram os incentivos reinstituídos em face da aprovação da MP 226/2019, convertida em Lei com as respectivas emendas. Se isso não ocorresse, a partir de 1º de janeiro de 2020 entraria em vigor o Decreto 1866/2019 retomando a tributação dos defensivos em 17% e impedindo a manutenção dos créditos de ICMS nas aquisições interestaduais de insumos agropecuários. 
         Dessa forma, as duas situações (tributação dos defensivos e manutenção dos créditos de ICMS) ficam vinculadas à deliberação do Conselho Fazendário Nacional (Confaz) em relação ao Convênio 100/97, bem como a redução de base de cálculo nas saídas dos demais insumos agropecuários. Em síntese: tudo equacionado.
         Acreditamos que a superação desse episódio revela – na esfera do Executivo, do Legislativo e da sociedade em geral – o reconhecimento da importância econômica e social do cooperativismo e do seu ramo mais expressivo, o agronegócio barriga-verde, eis que são, ao mesmo tempo, locomotivas da geração de riquezas em Santa Catarina e fiadoras da segurança alimentar.

Veja também

Santa Catarina aposta na produção de cereais de inverno para minimizar o déficit de milho02/02/22 Confira o áudio do secretário adjunto Ricardo Miotto: https://we.tl/t-xjwN9vzCv3               Com uma demanda anual de 7,6 milhões de toneladas de milho, Santa Catarina busca alternativas para reduzir o déficit de grãos e abastecer a cadeia produtiva de carnes e leite. Em 2022, a Secretaria de Estado da......
Consultorias gratuitas contribuem na definição de estratégias de marketing28/08/20 A pandemia da covid-19 relevou que as empresas que possuíam informações de seus clientes conseguiram se posicionar melhor no mercado em um momento de instabilidade. Isso representa que as organizações que tinham cadastros......

Voltar para (Blog)