Quando o fim vira começo: o poder da doação de órgãos
Comissão Hospitalar de Transplantes da Unimed Chapecó atua como elo entre quem parte e daqueles que podem recomeçar
Equipe da comissão hospitalar de transplantes. (Foto: Comunicação Interna Unimed Chapecó).
A doação de órgãos representa um gesto de amor que ultrapassa o limite da dor do luto. Um único doador pode beneficiar diversas pessoas, com a transferência de rins, fígado, pulmões, coração, córneas, ossos, pele, entre outros. No Brasil, essa cessão só é possível com a autorização da família – mesmo que a pessoa tenha declarado em vida o desejo de doar. Então, conversar com os familiares sobre esse tema é essencial para garantir que, em um instante difícil, sua vontade de salvar outras vidas seja respeitada.
Após o diagnóstico de morte encefálica, a família do paciente é convidada a conversar com a equipe hospitalar. Esse instante, mesmo delicado, pode se tornar um divisor de águas, no qual a dor da perda é transformada em esperança para quem ainda aguarda uma segunda chance. “Conversar com sua família sobre o desejo de ser doador é um gesto de empatia – muitas vezes, essa conversa é decisiva para que a família autorize a doação”, reforça o coordenador médico da Comissão Hospitalar de Transplantes (CHT) da Unimed Chapecó, Dr. Raulério Goulart Papini.
A comissão é composta por uma equipe multiprofissional que organiza, orienta e executa todos os processos relacionados à doação de órgãos na cooperativa médica. A atuação vai desde a identificação do potencial doador até o acolhimento das famílias e o cumprimento das diretrizes legais. “De maneira prática, a CHT é um elo entre os familiares de quem parte e daqueles que podem recomeçar, com olhar no amparo e na esperança por trás de cada história”, comenta o coordenador.
ESPERANÇA DE RECOMEÇO
A notícia de que seu filho Vicente Sgarbossa Medeiros, na época de quatro meses, precisava de um transplante de coração veio após Raquel Sgarbossa Alves estranhar seu comportamento, de irritação constante e dificuldade em dormir à noite. “Em uma consulta médica fui informada que ele poderia estar com infecção na garganta, e assim começou a usar antibióticos. Porém, o quadro não melhorava. No dia 21 de fevereiro de 2024 decidi procurar outras opiniões, então, o levei ao Hospital Unimed Chapecó. A médica solicitou vários exames, porém o resultado não agradou: Vicente estava com o miocardiopatia dilatada (que aumenta o tamanho dos ventrículos do coração, impedindo de bombear sangue suficiente para as necessidades do corpo)”, relembra a mãe.
Com o diagnóstico, Vicente foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica. “Desde o primeiro dia os médicos me avisaram que fariam todo o possível, mas se ele não reagisse ao tratamento seria necessária a transferência para um centro de referência cardiológico. Toda vez que tentavam diminuir os medicamentos, Vicente passava mal”, relata Raquel. Depois de 47 dias de internação em Chapecó, Vicente foi transferido para o Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba (PR).“Minha vida desabou ao ter a confirmação de que a única solução seria o transplante de coração e de que o Vicente entraria na fila de espera” comenta. O conforto veio através do relato de outras mães que estavam na mesma situação.
De acordo com Raquel, a espera é dolorosa, cansativa e angustiante, principalmente, por não saber quando terminará. “Nos sentimos impotentes e vulneráveis por não poder fazer nada”, enfatiza. A informação de um doador chegou no dia 13 de agosto.“Estava sentada ao lado da cama do Vicente na UTI, quando tocou meu telefone. Quando fui olhar, já tinha desligado. Desbloqueei e era uma ligação do médico. Imaginei várias possibilidades e comecei a tremer porque ele nunca tinha ligado.Ao retornar ele deu a notícia. Comecei a chorar, gritar e pular, não sabia o que fazer. Foi uma sensação inexplicável, de alívio porque a espera tinha acabado com uma mistura de alegria e gratidão”, recorda.
A cirurgia durou aproximadamente nove horas e ocorreu conforme a previsão dos médicos. A alta hospitalar ocorreu no dia 7 de setembro. “Vicente está se recuperando muito bem. Ainda tem várias restrições em virtude da baixa imunidade por tomar imunossupressor para evitar a rejeição do órgão”,explica a mãe. Vicente não pode se expor ao público, não pode ter contato com animais e uma vez por mês retorna à Curitiba para fazer exames.
“Só temos a agradecer a família doadora por essa demonstração de amor e solidariedade, que em meio a dor do luto disse ‘SIM’ para a doação de órgãos e possibilitou que um milagre acontecesse na vida do meu filho. Também somos gratos por toda a equipe médica e de assistência hospitalar que cuidaram muito bem de nós durante os sete meses de UTI. A cicatriz no peito do Vicente mostra o quanto ele foi guerreiro e venceu. Teve uma nova chance de viver e está desfrutando de sua infância”, comemora Raquel.
CONHEÇA A EQUIPE DA COMISSÃO HOSPITALAR DE TRANSPLANTES
Coordenação médica: Dr. Raulério Goulart Papini (medicina intensiva).
Médico participante: Dr. Allison Piovesan (medicina intensiva pediátrica).
Apoio psicológico e qualidade: Micheli Bruna Caverzan (psicóloga); Núcleo de Qualidade em Saúde.
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