Postado em 16 de Maio de 2023 às 13h43

Prematura extrema receberá alta após 84 dias de internação

A pequena Gabriela Bertoldo da Luz e seus pais Gabriel da Luz Carneiro e Jéssica Bertoldo de Oliveira (Foto: arquivo pessoal).

Mais de 7,2 milhões de segundos lutando pela vida. Assim começa a história da Gabriela Bertoldo da Luz, que nasceu no dia 24 de fevereiro de 2023, com 495 gramas e 22,5 centímetros, no Hospital Unimed Chapecó. Com idade gestacional de 26 semanas e seis dias, apresentando sinais de sofrimento fetal com fluxo sanguíneo insuficiente e grave restrição de crescimento, a interrupção da gestação por parto cesárea foi uma esperança. Após o nascimento, Gabriela precisou de assistência respiratória permanecendo quase dois meses intubada em ventilação mecânica, nutrição parenteral (infusão de nutrientes diretamente na corrente sanguínea), medidas de estabilidade térmica e prevenção de infecções, além de passar por dois procedimentos cirúrgicos. Sua trajetória inspira pela superação dos desafios impostos pela prematuridade extrema e emociona familiares e profissionais da saúde que a acompanham. Para alegria de todos, a pequena guerreira tem alta prevista para esta sexta-feira (19), quando poderá conhecer seu lar em Caçador, no oeste catarinense.
“Estamos ansiosos para ir para casa, felizes por ela estar bem e esperamos para aproveitar a vida com nossa filha”, antecipa a mãe Jéssica Bertoldo de Oliveira, de 23 anos, que é atendente de farmácia. Grávida da primeira filha, Jéssica apresentou um quadro de pré-eclâmpsia, mesmo sem nunca ter observado problemas com hipertensão. Devido as alterações na ultrassonografia obstétrica ela recebeu a indicação da interrupção da gestação, para evitar o risco de óbito fetal. O parto por cesárea foi realizado pelo ginecologista e obstetra Dr. Carlos Jeovani Yora. “Esse período foi muito difícil para nós, mas recebemos apoio de muitas pessoas e cuidado de vários profissionais. Podemos comemorar grandes conquistas, como a alta da UTI Neonatal no dia 3 de maio, a boa recuperação dos procedimentos cirúrgicos e a evolução com os tratamentos propostos”, analisa a mãe. Gabriela está internada em quarto de enfermaria, recebendo dieta por sonda, dependente de baixa oferta de oxigênio, treinando a amamentação e com 2.085 gramas.
SUPERAÇÃO
Gabriela é considerada prematura extrema por ter nascido com menos de 28 semanas de idade gestacional. De acordo com o pediatra e especialista em Medicina Intensiva Pediátrica, Dr. Alisson Piovezani, esses bebês requerem muito mais cuidado devido a fragilidade da pele e a imaturidade de vários órgãos, principalmente, da função pulmonar, por isso necessitam de ventilação mecânica e longo período de internação em UTI. “Tivemos algumas intercorrências, no entanto, duas foram marcantes. A primeira foi um quadro de enterocolite necrosante com perfuração intestinal, quando tinha apenas 600 gramas. O procedimento foi realizado pelo cirurgião pediátrico Dr. Ricardo Marcelus Araújo Filipak. Em um segundo momento, precisou fazer o fechamento de canal arterial, que normalmente fecha-se após o nascimento, mas em casos de prematuro extremo isso persiste e interfere no funcionamento pulmonar e cardíaco. A cirurgia foi realizada pelo cirurgião cardiovascular, Dr. Leonardo Lacava”, destaca ao comentar que ela tem apresentado boa evolução.
A mãe Jéssica comenta que ficar longe de casa, dos familiares e amigos para cuidar da pequena Gabriela foi muito difícil. “Meu marido Gabriel da Luz Carneiro, de 24 anos, é operador de serra e teve que voltar para Caçador devido ao seu trabalho. Eu, após a alta hospitalar, fiquei numa casa de apoio. Mas confesso que é desafiador morar em um lugar totalmente diferente do que se está acostumado”, comenta. Para ela, tudo o que aconteceu na vida de sua família serve de aprendizado. “Tudo que ocorreu foi para meu crescimento como pessoa, para amadurecer, pois tive que aprender a tomar decisões e atitudes. As lembranças boas que levo dessa fase são das pessoas que conheci e passaram pela mesma situação. Construí amizades com elas, que me apoiaram dizendo que tudo ficaria bem. A única coisa que não quero me lembrar é do sofrimento que minha filha passou”. Sobre o atendimento recebido na cooperativa médica, a mãe enfatiza que “todos são ótimos profissionais, atenderam super bem a Gabi. Só tenho a agradecer mesmo”, finaliza.
PEQUENOS LUTADORES
Para o pediatra a equipe multidisciplinar da Unimed Chapecó foi essencial para auxiliar na evolução positiva da prematura extrema. “O cuidado diário de toda equipe de enfermagem, assim como dos setores de fisioterapia, nutrição, fonoaudiologia e psicologia são fundamentais para o desenvolvimento e sucesso terapêutico. O bebê prematuro precisa de atenção especial nestas áreas, assim como treinamento para amamentação e ganho de peso”, justifica o médico.  Para Dr. Piovezani o que mais lhe marcou ao cuidar da pequena Gabriela foi observar sua força de superação frente a quadros extremamente graves, principalmente da enterocolite necrosante com perfuração intestinal. “Isso tem um risco muito elevado ao considerar o peso de nascimento. E ela respondeu bem ao tratamento cirúrgico. Foi uma grata surpresa ver toda essa evolução positiva”, analisa o especialista.
A UTI Neonatal do Hospital Unimed Chapecó tem à disposição ventiladores sofisticados, que contribuem para o sucesso no cuidado dos bebês prematuros e uma equipe de profissionais experientes e dedicados. O pediatra lembra que a cooperativa médica já cuidou de outros prematuros extremos, que evoluíram bem aos tratamentos. “A menor nascida nessa UTI foi uma menina chamada Rafaela, com 480 gramas e 26 semanas de idade gestacional. Hoje ela está com quase seis anos de vida”, recorda.
De acordo com o especialista, em virtude dos avanços da assistência em saúde se observa com maior frequência pacientes prematuros extremos apresentarem melhor sobrevida. “Porém, ainda existe uma mortalidade elevada. Cerca de 75% dos prematuros de 26 semanas de idade gestacional não sobrevivem. Quanto menor a idade gestacional, maior a mortalidade. Além disso, prematuros abaixo de 27 semanas correm um grande risco de terem sequelas graves e permanentes. Atualmente o limite de viabilidade está em torno de 25 semanas de idade gestacional”, argumenta.
Após a alta hospitalar esses bebês prematuros extremos precisam manter acompanhamento multidisciplinar. Como exemplos, Dr. Piovezani cita atuação do neurologista pediátrico para avaliar o desenvolvimento neuropsicomotor, do oftalmologista para acompanhar o desenvolvimento da visão, do pediatra para analisar o peso e o desenvolvimento global, além de fonoaudiólogo e fisioterapeuta.
 
 
 
 

 

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