Postado em 23 de Janeiro de 2023 às 14h18

Os desafios e a contribuição da indústria da carne

JOSÉ ANTÔNIO RIBAS JR.
Presidente do Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados no Estado de Santa Catarina (SINDICARNE)

José Antônio Ribas Jr. presidente do Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados no Estado de Santa Catarina (SINDICARNE).

O ano de 2022 foi de altos e baixos, mas de resultado final aquém da expectativa. Vários fatores contribuíram para este cenário, desde a instabilidade política interna do País até as incertezas econômicas e políticas globais. O cenário exige um olhar muito estratégico para as mudanças que tomam curso na produção mundial de alimentos, seja pelas restrições legais e/ou de sustentabilidade, seja pelas mudanças comportamentais nas gerações que entram no mercado consumidor, passando pela mudança na geopolítica agro global.
Repeti a palavra “mudança”, pois nela se assentam as percepções futuras que já começaram a impactar nosso País e nosso setor em 2022. Não estamos falando de algo subjetivo e, sim, de novos paradigmas na produção e nas relações comerciais. O mundo atingiu 8 bilhoes de habitantes em novembro último. Neste contexto há fome ou déficit alimentar relevante para quase 1 bilhão de pessoas. 
Há uma crise pós-covid agravada por conflitos e/ou rupturas de relacionamento, que trouxeram inflação aos alimentos. A complexidade deste ambiente, no final, pode trazer oportunidades ao Brasil. Afinal, se o mundo quer alimentos competitivos e com qualidade, nós podemos atender. Se o mundo quer, somar a isso a sustentabilidade, nós podemos atender. Basta resolvermos questões internas, comunicar melhor nossas competências e, fundamentalmente, descomplicar a vida do empreendedor brasileiro.
Algumas questões internas e de curto prazo nos impediram de fazer um ano melhor. Por exemplo, a lenta recuperação do emprego e da economia – fato que não se limita ao Brasil – e tirou poder de compra do consumidor. Mesmo batendo recordes de exportações de aves em volume e valor, as margens não trouxeram ao setor resultados satisfatórios. Em suínos foi um ano de uma lenta e insuficiente recuperação, perdendo em volumes e receita, mas reduzindo as perdas em margens. As exportações de aves cresceram +4,6% em volume (para 4,8 milhões de toneladas) e +27,4% em receitas (7,6 bilhões de dólares), mas as exportações de suínos decaíram -1,4% em volume (1,1 milhão de toneladas) e -2,6% em faturamento (2,5 bilhões de dólares).
Esses números regularam a oferta/demanda, impedindo perdas maiores. Mas não foram suficientes para sustentar margens ao setor que permita otimismo de investimentos e/ou expansões. A notícia boa fica por conta do aumento no consumo per capita de suínos no Brasil, tendência que deve seguir dada a melhoria do mix de produção, apresentando novos produtos e oportunidade de consumo, alternativamente a outras proteínas.
Sob a ótica de custos o cenário repetiu 2021, com a pressão contínua dos grãos e outros insumos. Foi um ano  complexo que representa em seu fechamento muito do que esperamos para 2023.
Importante registrar também, como fato relevante no período, que na superação da pandemia do novo coronavírus, as agroindústrias da proteína animal deram grande demonstração de eficiência na proteção das pessoas – especialmente aquelas que trabalham em frigoríficos – e cooperaram fortemente com as autoridades da saúde. O setor mostrou sua força, resiliência e capacidade de adaptação e aprendizado. O agro, especialmente nossas cadeias de produção de aves e suínos, são geradores de riqueza. Quem leva o desenvolvimento do País para longe do litoral e/ou capitais? Onde estão nossas fabricas e produtores o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é significativamente superior. Nossas cadeias operam sob absoluto rigor e compromisso com a preservação de florestas, de água e da vida natural.
Ampliamos nosso impacto positivo na vida das pessoas durante a pandemia. Investindo na saúde das cidades e regiões. No ambiente de produção ampliamos os cuidados com saúde. Na grave crise sanitária nosso setor gerou empregos, seguiu produzindo alimentos ininterruptamente, cuidou de gente (direta e indiretamente) e ampliamos nossos programas de sustentabilidade. São legados que ficam.
O agro é motivo de orgulho do Brasil e dos brasileiros. Nossos colaboradores e produtores rurais entenderam que o agro não pode parar. Cientes dos nossos compromissos e responsabilidades seguiremos produzindo e cuidando das pessoas e do planeta.

 

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