Postado em 09 de Agosto de 2023 às 14h14

Estratégias de nutrição são cruciais para ganhar eficiência e reduzir custos

Médico veterinário Francisco Pereira trouxe orientações nutricionais com foco em suínos na terminação

O desempenho do plantel de suínos passa por uma nutrição eficiente. Além dos impactos no desenvolvimento dos animais, a alimentação também compõe uma parcela relevante do custo de produção, por isso planejar dietas estratégicas é imprescindível. A nutrição nas fases de terminação e o uso de DDGS abriram os painéis desta quarta-feira (9), do 15º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS), promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet).
            O médico veterinário Francisco Pereira trouxe orientações nutricionais e alguns caminhos para o uso de aditivos e de ferramentas para aumentar a eficiência dos suínos na terminação. “Em torno de 70% a 75% do custo de produção nesta fase é relativo à nutrição. Então, ao tratar de estratégias nutricionais ou de manejo na terminação, temos que pensar no cenário de custos, porque é uma fase de alto impacto e se não formos muito precisos nas ferramentas, estaremos consumindo capital do produtor desnecessariamente”, afirmou o especialista.
            Segundo Francisco, por estarmos num país tão diverso, especialmente em relação ao clima, em cada região os animais terão um impacto diferente em termos de conforto térmico. E, dependendo das condições térmicas, haverá mudanças no comportamento de consumo, portanto, os programas alimentares deverão ser adaptados para a realidade de cada criação. “Nós temos referências, por exemplo, de tabelas nutricionais, temos o NRC, que é uma ferramenta internacional de referência para a nutrição animal, mas precisamos adequar essa linguagem para cada fazenda, para cada sistema. O objetivo é interpretar o comportamento nutricional dos animais e extrair deles a melhor produtividade possível.”
            Há ainda alguns elementos aditivos que são coadjuvantes na dieta dos suínos e podem ser usados no processo de melhoramento de desempenho desses animais, como a ractopamina. “Sem dúvida, é um aditivo estratégico e muito eficiente, porque reduz muito o gasto de ração, porque aumenta o peso do animal e, consequentemente, traz uma melhoria muito importante de conversão alimentar.”
            Embora demonstre excelentes resultados, a ractopamina não é utilizada por alguns países importantes que são destinos de exportação da suinocultura brasileira. Nestes casos, há alternativas a este aditivo que podem ser usadas.
            DDG E DDGS NA DIETA
Experiências com o uso de DDG e DDGS de milho na alimentação de suínos foi tema da palestra do engenheiro agrônomo Urbano Ruiz. Ele abordou a importância desses produtos para a suinocultura, como o DDG e o DDGS são obtidos, fez uma caracterização em termos de composição nutricional e mostrou resultados do uso desses ingredientes no campo.
            Os DDG (dried distillers grains), que são os grãos secos de destilaria e os DDGS, que são os grãos solúveis, são coprodutos originados do milho processado para a produção do etanol do milho. Por serem fontes de nutrientes, têm sido cada vez mais usados na dieta animal.
            “O álcool é fermentado, depois ele é destilado e se produz o etanol. Porém, todo o restante do grão, a fração proteica, lipídica, fibrosa, os minerais, não são fermentados e permanecem ali. De tal modo que se tem um produto em que as concentrações desses componentes, como fibra, proteína, lipídio, são aumentadas, gerando um potencial de uso grande na alimentação animal em geral, mas principalmente na de suínos”, explicou.
            De acordo com Urbano, por possuir elevados teores de aminoácidos, em especial os aminoácidos com cadeia ramificada, os DDG/DDGS têm potencial de reduzir o consumo de ração e, ao mesmo tempo, trazer ganho de peso ao animal.
            Mesmo que a cana de açúcar ainda seja, no Brasil, a principal matéria-prima para a produção do etanol, o milho tem sido cada vez mais utilizado. A estimativa é de que, por volta de 2030, 20% da produção de etanol brasileira venha do milho. Com a maior oferta no mercado, este produto deve ser mais procurado pelo produtor de suínos. O importante, segundo Urbano, é observar a forma correta de incluir os DDG/DDGS no plano nutricional dos animais, especialmente ter cuidado com os níveis máximos de inserção nas dietas, de acordo com a fase de vida dos suínos, composição destes aditivos e balanceamento adequado de aminoácidos.
            “Para animais mais jovens, até 20% de inclusão não causa qualquer problema. Para animais em crescimento e terminação, pode-se chegar a 30%. Para fêmeas gestantes, até 40%, 50%. Para fêmeas lactantes, de 20 % a 30%. E ainda há uma série de pesquisas que estão sendo feitas, tentando justamente controlar problemas, de modo a se conseguir fazer uma maior inclusão desses produtos na dieta.”
            SOBRE O SBSA
O 15º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura é promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet) e segue até quinta-feira (10), no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC), no formato híbrido. Simultaneamente ocorrem a 14ª Brasil Sul Pig Fair e a Granja do Futuro, presencialmente. Durante o SBSS, 16 palestras contribuirão para atualizar os profissionais que atuam na cadeia suinícola. A programação é organizada em seis painéis que abordam o uso prudente de antimicrobianos e bem-estar animal; nutrição; pessoas; reprodução e manejo de leitões; mercado e governança social e ambiental; sanidade e biosseguridade.
APOIO
O 15º SBSS tem apoio da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), do Conselho Regional de Medicina Veterinária de SC (CRMV/SC), da Embrapa Suínos e Aves e da Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária (Somevesc).
 
Programação Científica do 15º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura
 
9 DE agosto de 2023 – quarta-feira
 
Painel Reprodução e Manejo de Leitões
 
14h às 14h40 – A hiperprolificidade é uma realidade: e agora, como desmamar mais leitões?
Palestrante: Djane Dallanora
 
14h45 às 15h25 O leitão foi desmamado e agora? Oportunidades de manejos na creche buscando bons resultados.
Palestrante: Fernanda Laskoski
 
15h25 às 15h45 – Questionamentos
 
15h45 às 16h05 – Intervalo
 
Painel Mercado e Governança Social e Ambiental (ESG)
 
16h05 às 16h45Oportunidades em um cenário de margem zero.
Palestrante: José Antônio Ribas Júnior
 
16h50 às 17h30 Sustentabilidade na suinocultura.
Palestrante: Bradley Lawrence
 
17h30 às 17h50 – Questionamentos
 
18h – Eventos Paralelos
 
19h30 – Happy Hour na PIG FAIR
 
 
10 DE agosto de 2023 – quinta-feira
 
Painel Sanidade e Biosseguridade
 
8h às 8h40Atualização nas soluções para controle das doenças do complexo respiratório dos suínos.
Palestrante: Eduardo Fano  
 
8h45 às 9h25 Desafios no controle do vírus Influenza A e estratégias para mitigar o impacto deste agente.
Palestrante: Guilherme Arruda
 
9h25 às 9h45 – Questionamentos
 
9h45 às 10h05 – Intervalo
 
10h05 às 10h45 Vacina autógena: o que há por trás desta ferramenta e como podemos ser mais assertivos na prevenção de doenças.
Palestrante: Ana Paula Mori
 
10h50 à 11h30 - Biosseguridade: aprendizado na dor.
Palestrante: Francisco Domingues
 
11h30 às 11h50 – Questionamentos
 
12h – Sorteios e encerramento
Debates do segundo dia do 15º SBSS começaram com o tema nutrição
Engenheiro agrônomo Urbano Ruiz abordou experiências com o uso de DDG e DDGS na suinocultura
Teatro do Centro de Cultura e Eventos está lotado com congressistas do 15º SBSS
Congressistas aprenderam mais sobre uso de DDG e DDGS de milho na alimentação de suínos

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