Postado em 08 de Novembro de 2022 às 14h33

Cenário de mercado e pecuária catarinense são destaques no 1º Fórum Brasil Sul de Bovinocultura de Corte

Palestras foram com o zootecnista Ivan Borba Formigoni e o médico veterinário Diego Cucco

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A palestra o “Cenário de mercado e perspectivas futuras da carne bovina”, com o zootecnista Ivan Borba Formigoni, abriu a programação do 1° Fórum Brasil Sul de Bovinocultura de Corte, pré-evento do 11º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL), na manhã desta terça-feira (8). O evento é promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet) e aborda perspectivas, desafios e tendências do mercado de carne.
“O setor está em amplo desenvolvimento, com raças registradas em Santa Catarina há mais de 100 anos e associações há mais de 30 anos. Com isso, queremos trazer conhecimento, tecnologia e inovações para que os produtores e profissionais do segmento coloquem na prática e gerem cada vez mais riquezas”, destacou o presidente do Nucleovet, Lucas Piroca, na abertura do evento.
TENDÊNCIAS DO SETOR
Formigoni citou duas grandes tendências do mercado da bovinocultura de corte: preços em ascendência positiva, porém, mais voláteis. “A participação de vendas da carne bovina tem influência externa, o que gera instabilidade. Isso acontece também para a produção, com variação nos preços de fertilizantes. Por isso, é latente a importância do planejamento e da gestão por parte do produtor rural”, pontuou.
Segundo o zootecnista, a questão da segurança alimentar norteia a produção. Ele citou a segurança alimentar, não apenas na questão da qualidade dos alimentos e, sim, na oferta e disponibilidade de comida. “Estamos passando por uma pandemia, guerras e conflitos, e o mundo está cada dia mais consciente que é o alimento que norteia toda a dinâmica mundial e isso sustenta preço. O consumo de carne tem aumentado e é necessário manter um estoque de segurança caso ocorra algum colapso”.
PREÇOS
O Brasil é um dos mais importantes produtores de carne bovina no mundo e exporta para mais de 150 países. O país produz cerca de 10,5 milhões de toneladas de carne e o rebanho está em torno de 240 milhões de cabeças.De acordo com Formigoni, o preço da carne bovina está em um período de oscilação, mas a longo prazo a perspectiva é favorável. Entre as influências para isso, citou a queda na produção dos Estados Unidos, consumo chinês subindo, consumo doméstico fraco e exportação no Brasil com novo recorde, mas com alta modesta.
Conforme ele, o ciclo pecuário começa pelo bezerro. “Existe relação entre o preço de bezerro com o da vaca. Quando o preço do bezerro cai, o ritmo do abate de vaca sobe. Em 2022 o abate de vacas aumentou no Brasil. Além disso, a queda no preço do boi gordo segue menor que do bezerro e há potencialmente maior espaço para queda no preço”, comentou.
            O zootecnista citou também que o patamar do câmbio ainda está alto, o que tem segurado a valorização do boi gordo em dólar. “Isso tem favorecido a pecuária de corte do Brasil. Quando olhamos os nossos concorrentes, os preços do Brasil são extremamente competitivos”.
            Formigoni concluiu que a produção de pecuária de corte está em uma fase de baixa do ciclo pecuário a longo prazo, mas os fundamentos seguem positivos com ciclos ascendentes e segurança alimentar. “Mercado mais volátil, com maior influência externa de exportação. O consumo interno está em recuperação lenta e os custos estão em alta e igualmente voláteis”, finalizou.
            A PECUÁRIA DE CORTE CATARINENSE
A segunda palestra do 1° Fórum Brasil Sul de Bovinocultura de Corte abordou “A pecuária de corte catarinense e sua realidade produtiva” com o médico veterinário Diego Cucco.
Segundo Cucco, a pecuária de corte está espalhada por todas as regiões de Santa Catarina. O estado possui sistema de rastreamento de gados, que é controlado pela Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina). Dados de 2021 da Cidasc mostram que o total de bovinos em Santa Catarina é de 4.575.488, deste total 50% é gado de corte e 50% gado de leite.
“Somos um estado pequeno, mas muito distinto. Temos diferentes cenários produtivos e de consumo nas regiões. Muitas vezes diferem muito do usual no restante do país. Historicamente Santa Catarina produz apenas 50% do consumo, com isso tem que importar os outros 50%. Isso é algo que podemos elevar com produção de qualidade”, destacou.
Dados da Epagri mostram que o montante de gado abatido reduziu em 2021 comparado com 2020. “Temos um abate de 13% para autoconsumo e 86% abatidos com sistema de inspeção estadual e municipal”, explicou o médico veterinário.
VOLUME DE ABATE
Conforme estudo de Cucco, o maior volume de gado para abate sai do Oeste do Estado. “A pecuária de corte é muito importante na região. Há muitos produtores indo para a produção com grande evolução na pecuária de corte por uma questão de migração de produtores e sucessão familiar. A região também possui excelente manejo de pastagem. Pequenas propriedades com lotação alta por hectare”.
Entre as particularidades do Meio Oeste estão as lavouras bem desenvolvidas, o que facilita a questão da recria. Também há a disputa por cereais de inverno. A Serra Catarinense é tradicional no sistema de cria, tem uma genética um pouco mais consolidada, mas possui maior desafio climático e forte avanço das lavouras sobre o campo nativo.
Já o Sul do estado, de acordo com o palestrante, tem se desenvolvido na produção de bovinos de corte, com evolução técnica e de qualidade. “Existem confinamentos espalhados pelo estado inteiro, principalmente no litoral”, comentou. 
Com base em estudo para entender melhor a cadeia produtiva do estado avaliando os abatedouros, o médico veterinário concluiu que o maior volume de abate está longe das regiões produtoras, mas está mais perto do consumo.
“Os frigoríficos de Santa Catarina possuem dificuldade em fechar escalas de abate e chegam a rodar o estado todo para buscar bois. Abatem com qualidade inferior à desejada e todos almejam aumentar o peso da carcaça e estabelecer parcerias”, pontuou.
Sobre os entraves dos frigoríficos bovinos do estado de Santa Catarina, Cucco citou como principal a padronização/uniformidade, seguido da oferta de animais e acabamento de carcaças. “Só conseguimos padronizar gado, se padronizarmos as matrizes. Assim conseguiremos a produção de uma carne de qualidade”, citou.
Dados da Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina, da Epagri/Cepa, mostra que em 2021 Santa Catarina ocupou a 14ª posição no ranking nacional, tendo exportado 3,38 mil toneladas, com US$ 12,54 milhões em receitas.
SOBRE O EVENTO
O Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite segue até quinta-feira (10), exclusivamente no formato presencial, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC), e reúne especialistas que debatem inovações e o futuro do setor.
APOIO
O 11º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite tem apoio da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), do Conselho Regional de Medicina Veterinária de SC (CRMV/SC), da Prefeitura de Chapecó e da Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária (Somevesc).

 

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