Postado em 09 de Maio de 2022 às 14h48

As ideias e as prioridades do novo presidente da ACIC

Broch quer mais investimentos em infraestrutura para o oeste catarinense e maior articulação das entidades empresariais em defesa da região


 

Uma das mais prestigiadas entidades empresariais de Santa Catarina, a Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC) completa 75 anos em 10 de maio, data em que assume solenemente a nova diretoria, sob o comando do empresário Lenoir Antônio Broch.
No comando da principal entidade do município-polo do grande oeste, Broch quer buscar soluções para as deficiências da região oeste, entre elas as de infraestrutura. Entre as inúmeras necessidades estão melhorias nas rodovias, no aeroporto, no fornecimento de energia elétrica e água e a construção de ferrovias.
Lenoir Broch é natural de Quilombo. É graduado em direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e possui MBA em Gestão Ambiental. Dirige a Broch Empreendimentos, que atua no setor da construção civil e silvicultura. Foi presidente do Sindicato da Indústria da Construção e Artefatos de Concreto Armado do Oeste (Sinduscon) e preside o Conselho Comunitário da Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS). É casado com Jussara Tumelero com quem tem duas filhas: Isadora (21 anos) e Betina (17 anos).
No ano do 75º aniversário, quais são as suas prioridades no comando da ACIC?
Lutar incessantemente para chamar atenção para resolução dos problemas causados pelos gargalos centenários existentes na infraestrutura regional. Apoiar as reformas tributária, administrativa e política, colaborar e promover ações para o desenvolvimento de tecnologias inovadoras, que atendam as necessidades do grande oeste, envolvendo as universidades, as empresas e demais instituições. Enfim, pensar na região como um polo tecnológico que ajude a construir soluções inovadoras para desenvolvimento e crescimento sustentável da região. Também vamos contribuir para aproximar as associações empresariais do grande oeste, compartilhando e apoiando demandas regionais. Queremos promover eventos conjuntos, visando aproximar ainda mais as Federações na defesa de interesses da região e do Estado. Vamos usar a energia, a determinação e a disposição para o trabalho do povo oestino, convidando para refletir e dedicar o mínimo do seu tempo, abraçando causas afins, em um movimento apolítico, respeitoso, consistente, mas igualmente enfático e fortalecido. Superar diferenças ideológicas e partidárias, freios inconscientes, em benefício das causas do grande oeste, de forma cooperada e associativa, exigindo das autoridades constituídas respeito e atenção às nossas demandas. Estou  convicto de que, se usarmos toda essa energia, a iniciativa privada, em conjunto com as instituições públicas, podemos mudar.
            A maior queixa do grande oeste é a deficiência de infraestrutura que ameaça asfixiar o desenvolvimento regional. Quais são, atualmente, essas deficiências?
A região oeste catarinense é deficitária em quase todos os setores da economia. Temos graves problemas estruturais nas áreas da comunicação, logística (rodovias e ferrovias), energia, gás, água. Parece que nos acostumamos com pouco. Na verdade, nossas conquistas sempre acontecem após muita luta. O Estado sempre chega atrasado para resolver problemas que não deveriam existir. Precisamos mudar essa visão. Afinal, atualmente temos todas as informações necessárias para planejar e prevenir. Mas não vamos somente reclamar. Estamos oferecendo ajuda e apoio aos organismos para que a sociedade sofra menos. Como exemplo, temos a cooperação das entidades e empresas no socorro às vitimas da covid-19; a constante disposição em ajudar os órgãos de segurança e controle; a participação em mais de 30 conselhos municipais, como Propaz, Proágua e outras iniciativas das quais a entidade participa ativamente.
Essa situação motivou a publicação do Manifesto pelo Oeste?
Em janeiro divulgamos um contundente posicionamento – o Manifesto pelo Oeste – sobre o abandono do grande oeste catarinense e a falta de investimentos públicos, situação crônica que resultou em extremas deficiências de infraestrutura. A ACIC, o Centro Empresarial, a FAESC e as vice-presidências regionais da FIESC, FACISC e FECOMÉRCIO reclamam de uma relação de extrema injustiça na qual os impostos arrecadados não retornam em obras e serviços. Apontamos que as deficiências de infraestrutura anulam os ganhos de eficiência das empresas e ameaçam o futuro da região. Na ocasião advertimos que a manutenção desse quadro de insuficiências decretará, em curto e médio prazo, a fuga de capitais, a evasão de empresas, a transferência das agroindústrias para o centro-oeste brasileiro, a destruição de empregos e o início de um perigoso movimento de entropia e desindustrialização.
A ACIC colocou na pauta das suas prioridades os investimentos em ferrovias, como o ramal da norte-sul (ligando Cascavel a Chapecó) e a ferrovia leste-oeste (ligando os portos do litoral com Chapecó). Por que esses investimentos se tornaram tão prementes?
As ferrovias são uma excelente opção para a redução de tráfego, acidentes e eficácia. As entidades se uniram em um movimento urgente e necessário, patrocinando o estudo sobre a viabilidade técnica e econômica de um ramal ferroviário entre Cascavel (PR) e Chapecó (SC). Referido trecho nasce no Mato Grosso do Sul, pode alcançar nossa região e quem sabe o Rio Grande do Sul, desde que sejamos eficazes nas nossas ações e consigamos vender a ideia da importância, da necessidade e dos possíveis resultados para quem se habilitar ao leilão que deve ocorrer ainda em 2022.
O Ministério da Infraestrutura e o Congresso Nacional permitiram a possibilidade de privatizar esta modalidade de transporte. Nossas transportadoras continuarão a transportar praticamente as mesmas quantidades, mas com custos menores e muito mais segurança. Ferrovia é uma necessidade para a sobrevivência da região e tem que acontecer antes que vire problema sem solução, com a fuga do capital industrial para outras regiões do País. Além disso, nosso aeroporto regride enquanto precisamos progredir. Essa é uma verdade momentânea. Temos o compromisso de colaborar para as oportunidades de melhorias.
As reformas estruturantes que a sociedade tanto reclama – tributária, administrativa etc. – ganharão força nesse ano eleitoral ou continuarão apenas nos discursos eleitoreiros dos candidatos? Por que os avanços foram tão pífios nessa área?
Reformas estruturantes, tributárias, administrativas e outras continuarão no discurso de candidatos e não deverão acontecer sem pressão, vigilância e a participação da sociedade. Afinal, esse é o velho argumento na demanda do voto. A reeleição é um dos problemas: vicia e acomoda. É óbvio que as reformas administrativa e tributária já deveriam ter acontecido. Certo é que teremos que resolver. Gostaria de um Estado eficiente, competente e na mão de pessoas do bem.
Chapecó vive um regime de pleno emprego e um estágio de grandes investimentos públicos e privados. Como enfrentar esse “apagão de mão de obra” que o município vive?
Existem algumas maneiras de resolver a falta de mão de obra na região, entre elas qualificar e especializar os profissionais e automatizar e robotizar processos. Existem muitas vagas abertas, mas nem sempre há pessoas qualificadas para elas. Chapecó é exemplo claro que temos emprego para todas as atividades possíveis. Porém, também existe a falta de comprometimento no trabalho. É preciso incentivar as pessoas para que encontrem o que gostam de fazer e apaixonem-se pelo trabalho, que encontrem alegria no que fazem, além de pensar em remunerações justas e cobrar responsabilidade e comprometimento.
A agroindústria da carne e a construção civil continuarão sendo as locomotivas do desenvolvimento econômico de Chapecó em 2022 e 2023?
Sim, continuarão e deverão se juntar a elas outras áreas que também são destaque, como educação, inovação e tecnologia, que estão crescendo e contribuindo para a diversificação da economia. O oeste catarinense tem história de trabalho, resiliência e enfrentamento, somos exemplos no Estado. Falta o reconhecimento, mas temos que continuar lutando, mesmo que sós.
A matriz econômica diversificou-se e Chapecó tornou-se o segundo maior polo de empresas de tecnologia de Santa Catarina. A inovação está no DNA das empresas chapecoenses?
Sim, a maioria está mudando. Temos uma juventude arrojada e disposta a fazer essa mudança. O oeste é pródigo na busca e no enfrentamento das dificuldades e isso é importante para o crescimento e para a melhoria dos requisitos da qualidade dos nossos produtos e serviços. Ainda precisamos criar estratégias para manter aqui nossos melhores profissionais. Nossas universidades estão caminhando nessa direção, nossos empresários e investidores precisam acreditar e investir nessa juventude e em novas ideias.
 

Veja também

Cultivos de ostras e mexilhões de Balneário Camboriú estão interditados14/08/19 A Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural anuncia a interdição dos cultivos de ostras, vieiras, mexilhões e berbigões de Balneário Camboriú devido à presença de toxina diarréica. Está proibida a retirada, a comercialização e o consumo destes animais e seus produtos, inclusive nos costões e......

Voltar para (Blog)