Postado em 03 de Outubro às 11h10

Você cuida do seu fígado?

Três em cada dez brasileiros têm esteatose hepática e nem desconfiam da condição

O gastroenterologista, hepatologista e médico cooperado da Unimed Chapecó, Dr. Giovani Santin, esclarece que a esteatose hepática é caracterizada pelo acúmulo de gordura em mais de 5% das células do fígado. (Foto:Arquivo pessoal)

O fígado exerce várias funções vitais, como metabolizar nutrientes, filtrar substâncias tóxicas do sangue, produzir a bile (essencial para digestão e absorção de gorduras no intestino), sintetizar proteínas (albumina e fatores de coagulação), armazenar vitaminas e minerais e manter o equilíbrio lipídico. Esse trabalho de processar excessos e filtrar exageros pode sobrecarregar o órgão e adoecê-lo sem sintomas.
Um exemplo disso é a esteatose hepática, também conhecida como gordura no fígado. A doença já acomete cerca de 30% da população mundial, especialmente em países ocidentais. E, a realidade brasileira é semelhante a esse cenário global,com a doença atingindo quase um terço da população do país. Mas essa condição tem cura, desde que seja descoberta precocemente – antes de evoluir para quadros mais graves, como: fibrose, cirrose e câncer de fígado.
O gastroenterologista, hepatologista e médico cooperado da Unimed Chapecó, Dr. Giovani Santin, esclarece que a esteatose hepática é caracterizada pelo acúmulo de gordura em mais de 5% das células do fígado. Essa formação adiposa envolve um processo complexo, incluindo o tipo de dieta, sedentarismo, condições genéticas, fatores imunológicos e microbiota intestinal.
“Dois motivos principais estão envolvidos nesse processo: o excesso de calorias ingeridas, geralmente, por meio de uma dieta rica em carboidratos, e a sobrecarga na capacidade do tecido adiposo de armazenar gordura, o que leva ao acúmulo de ácidos graxos que se ligam ao glicerol e formam triglicerídeos”, explica o especialista.
EVOLUÇÃO SILENCIOSA
A esteatose hepática costuma evoluir de forma silenciosa, geralmente, sem apresentar sintomas. Quando eles aparecem, os mais comuns são dor ou desconforto abdominal e fadiga. Segundo o Dr. Giovani, a maioria dos pacientes descobre a condição em consultas de rotina, por meio de exames de imagem, ou quando surgem complicações mais evidentes.
De acordo com o médico, o exame de imagem para diagnóstico é o ultrassom abdominal. Quando há necessidade de avaliar pequenas quantidades de gordura, pode-se solicitar a ressonância magnética. Já a elastografia hepática transitória (Fibroscan) permite medir o grau de fibrose, ou seja, o comprometimento do fígado.
“E, quando descobrimos a esteatose, devemos entender que é uma doença crônica, por isso não podemos normalizar comentários como: ‘é apenas mais uma gordurinha no fígado” porque ela leva ao diagnóstico precoce de outras doenças, a exemplo da resistência insulínica, diabetes, hipertensão e apneia do sono”, ressalta.
O gastroenterologista e hepatologista enfatiza que, embora o estigma de esteatose recaia sobre indivíduos com sobrepeso e obesidade, pacientes com Índice de Massa Corpórea (IMC) menor do que 25 kg/m² também podem apresentar esteatose. “Alguns estudos inclusive sugerem ser tão pior do que em pacientes acima do peso”, comenta.
Para o Dr. Giovani, a doença deve ser avaliada de forma ampla, ou seja, pela integralidade do paciente, uma vez que as complicações relacionadas a condição não acometem exclusivamente o fígado, mas também outros órgãos e sistemas.
O médico complementa que a esteatose pode evoluir para esteato-hepatite (inflamação do fígado causada pelo acúmulo de gordura), fibrose avançada (cicatrização do órgão em resposta a lesões ou inflamação crônica), câncer no fígado e, em último estágio, a cirrose hepática (perda da função) e suas complicações como ascite (barriga d’água) e hemorragia digestiva por varizes esofágicas.
TRATAMENTO
A esteatose hepática tem cura. O tratamento é realizado com suporte de uma equipe multidisciplinar que envolve endocrinologistas, gastroenterologistas, hepatologistas, clínicos gerais e nutricionistas. “A partir do diagnóstico é necessário determinar a causa e a gravidade. Para estabelecer o tratamento atuamos em conjunto com nutricionista, para uma avaliação alimentar”, antecipa o Dr. Giovani.
Entre as indicações, o médico destaca que a dieta do mediterrâneo moderadamente hipocalórica proporciona a redução da esteatose e da rigidez do fígado. Ainda, entre as orientações aos pacientes, está a prática de atividade física regular, com exercícios de intensidade moderada, realizados por 150 minutos semanais, distribuídos entre três a cinco dias. De acordo com o Dr. Giovani, a perda de 7% do peso corporal está associada à melhora da esteatose e, reduções maiores do que 10%, promovem a regressão da fibrose.
“Também é possível receitar medicamentos de acordo com avaliação clínica e comorbidades, porém, o custo ainda repercute na não adesão dos pacientes. Existem também as indicações de cirurgia bariátrica que auxiliam na melhora da esteatose e na inflamação do fígado”, reforça o médico. 
FATORES DE RISCO
Os principais fatores de risco para gordura no fígado são:
- Obesidade;
- Diabetes;
- Resistência insulínica;
- Síndrome metabólica;
- Consumo excessivo de álcool.
O médico também elenca outras causas como:
- Doença de Wilson (condição genética rara em que o corpo não consegue metabolizar o cobre adequadamente);
- Hipotireoidismo;
- Síndrome dos ovários policísticos;
- Apneia do sono;
- Doença celíaca;
- Hepatite C;
- Hepatite autoimune;
- Deficiência de alfa-1 antitripsina;
- Hemocromatose (corpo absorve e armazena ferro em excesso);  
- Hepatite induzida por medicamentos e esteroides anabolizantes.
 
COMO EVITAR A GORDURA NO FÍGADO?
- Opte por uma alimentação equilibrada;
- Pratique atividade física regularmente;
- Durma bem e com qualidade;
- Cuide da saúde emocional;
- Evite tabaco e o consumo excessivo de álcool;
- Realize check-ups periódicos.

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