Postado em 26 de Julho de 2023 às 11h09

Uma homenagem a um valente no Dia do Produtor Rural

 
José Zeferino Pedrozo
Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC)
e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR/SC)

José Zeferino Pedrozo, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR/SC).

Segurança alimentar é o principal fator de paz social em qualquer Nação. Quando a sociedade tem meios, estruturas e instrumentos que garantem o acesso seguro e regular aos alimentos saudáveis e nutritivos por todas as pessoas, o nível e a intensidade dos conflitos se reduzem. Parece um truísmo lembrar disso, pois é algo tão evidente e previsível, porém muitos cidadãos e governantes sentem a gravidade dessa questão somente quando chega a crise do desabastecimento. Por isso, é preciso valorizar, apoiar e proteger o setor primário, com destaque para a agricultura e as atividades extrativas, que nas últimas décadas têm sido a locomotiva da economia brasileira. Há um protagonista nesse universo que merece todos os registros: o produtor rural, para quem é consagrado, em sua homenagem, o dia 28 de julho.
Dedicado especialmente às atividades agrícolas, pesqueiras, pecuárias e extrativistas, o produtor rural tornou-se o principal agente econômico do setor rural porque está na base de todas as cadeias produtivas fulcradas no agro. Na produção de cereais, na pecuária intensiva, no reflorestamento, na silvicultura ou na fruticultura, o produtor rural coloca em prática uma lei da economia, segundo a qual, a riqueza original se tira da terra.
Há um componente cada vez mais decisivo e determinante no universo rural: a onipresença da ciência e da tecnologia, decorrência indireta do produtor rural ter se tornado o destinatário de intensos e permanentes investimentos das agroindústrias, das cooperativas e, notadamente, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Em face disso, ampliou conhecimento, incorporou tecnologia, aperfeiçoou processos, elevou a produtividade e aumentou a produção. O treinamento, a qualificação e a requalificação foram além da formação profissional rural. O produtor rural tornou-se empresário e, a propriedade rural, uma empresa preparada para os desafios do mercado.
Nesse novo mundo, dois aspectos merecem destaque. Na dimensão ambiental, o produtor moderno consolidou o papel de protetor ambiental. Essa constatação resulta do simples fato de que proteger os recursos naturais e utilizá-los de forma racional e sustentável é condição sine qua nom para a perpetuação da atividade. A agricultura de rapina é coisa do passado. O produtor rural contemporâneo é antes de tudo um gestor de fatores da produção, orientado para resultados, mas com responsabilidade.
Na dimensão econômica, o produtor rural oferece uma extraordinária contribuição ao desenvolvimento dos municípios e das comunidades onde atua. As notas fiscais rurais emitidas na venda da produção originada do campo, das lavouras e dos criatórios entram em sua totalidade no levantamento anual do movimento econômico de cada município e, assim, influem diretamente na definição do índice de retorno do ICMS. Na maioria dos municípios catarinenses o setor rural presta a maior parcela de contribuição para a formação das receitas do erário público. O movimento de um aviário, por exemplo, gera mais retorno de ICMS do que uma empresa urbana.
O império da ciência e a formação de uma sólida consciência ambiental estão na base de uma agricultura estável e evoluída – como a que se pratica em Santa Catarina – onde o desmatamento, a poluição de rios e a degradação dos solos são práticas superadas. Décadas de assistência do serviço de extensão rural (do governo e das agroindústrias) e de esforços continuados de capacitação (sobretudo do sistema S: Senar, Sescoop e Sebrae) permitiram o surgimento de uma geração de produtores-empreendedores sintonizados com os novos tempos.
Muitos esforços convergiram para que o êxito dessa jornada, interagindo família rural, agroindústrias, serviço oficial de extensão rural, assistência técnica, inspeção e vigilância sanitária – todos caminharam lado a lado nessa jornada de modernização e aperfeiçoamento, em grande parte para atender exigências do mercado internacional. A crescente presença de produtos primários do Brasil em cobiçados mercados mundiais foi conquistada, além de critérios de preço e qualidade, pelo cumprimento de exigências como defesa ambiental, bem-estar animal, combate ao trabalho infantil e ao trabalho em condições degradantes e cumprimento de normas e diretrizes de tratados dos quais o Brasil é signatário.
Nesses tempos de instabilidade, com um assustador conflito que opõe dois players vitais para o comércio mundial de alimentos dos quais o Mundo depende em grande parcela – um fornecedor estratégico de grãos (Ucrânia) e outro de fertilizantes (Rússia) – é necessária muita cautela, porque a agricultura já enfrenta cotidianamente desafios assustadores como intempéries, ameaças sanitárias, crises mercadológicas, conflitos internacionais, escassez de insumos, choques cambiais, instabilidades políticas. Enfim, atuar nessa área é para os valentes. Portanto, há muito que comemorar e meditar no dia dedicado ao produtor rural, 28 de julho.

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