Postado em 11 de Novembro de 2021 às 16h00

Sistemas de resfriamento abrem debates no último dia do Simpósio de Bovinocultura de Leite

As vantagens de sistemas de resfriamento direto e indireto foram explanadas pelo médico veterinário, sócio da Cowcooling, Adriano Seddon, na primeira palestra desta quinta-feira (11) da programação do 10º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL). O evento é promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet) e paralelamente ocorre a 5ª Brasil Sul Milk Fair virtual.
            Seddon iniciou sua explanação orientando que, antes de decidir sobre um sistema de resfriamento, é preciso avaliar a localização e o clima da região e quanto se perde financeiramente pelo estresse térmico dos animais. Também é fundamental pensar num sistema que atenda todas as vacas, avaliar a capacidade de investimento e se já existe instalações ou se será necessário fazer um projeto totalmente novo.
            Segundo o especialista, é importante implantar um sistema de acordo com algumas prioridades. Primeiro deve-se atender as vacas em pré-parto e as vacas que estão no período seco. “Esse é o primeiro lote a receber investimento. É um número pequeno de animais, durante um curto período de tempo, o investimento é baixo e traz um retorno excelente”, expôs. Após, as vacas em pós-parto devem ser atendidas, pois estão em uma fase de transição que exige cuidados para melhorar a saúde e a produção. Por último, as vacas em lactação. “Seguindo essa ordem de prioridade é possível ter maior retorno”, sublinhou Seddon.
            O palestrante explanou sobre dois sistemas de resfriamento: o direto e o indireto. No sistema direto, o vento precisa incidir sobre os animais atingindo a maior parte da superfície corporal. “É preciso molhar toda a vaca e depois evaporar essa água”, especificou Seddon. Na maior parte das vezes, se começa pela sala de espera e depois segue para a linha de cocho. “É preciso muito vento e muita água, mas a maioria das propriedades não atende o mínimo necessário”, alertou.
Além disso, o processo precisa ser homogêneo: o resfriamento deve ser feito várias vezes ao dia, com a mesma quantidade de água e vento. “Se existe vento natural, ele pode vir de qualquer direção e é necessário bloqueá-lo para que o vento mecânico incida sobre os animais. Usam-se cortinas laterais para direcionar o vento, além de aspersores”.
Os pontos positivos do resfriamento direto são que ele funciona em qualquer clima, pode ser usado em todos os sistemas de produção e é adaptável para instalações já existentes. Os aspectos negativos são: é mais trabalhoso, pois precisa levar as vacas para serem resfriadas; a tomada de decisão é menos automatizada, sendo necessário treinar a equipe; e há maior consumo de água. “Porém, é importante observar que, apesar de ter um gasto maior com água no resfriamento, quando é feito de maneira correta, os animais passam a ingerir menos água”, frisou Seddon.
O resfriamento indireto pode ser feito com ventilação cruzada (cross ventilation) ou com túnel de vento. Esse sistema é utilizado em instalações fechadas. Na ventilação cruzada o ambiente é climatizado a partir de placas evaporativas, que diminuem a temperatura, e exaustores. Normalmente, se utilizam as placas em uma lateral do barracão e os exaustores na outra.
            É um sistema autônomo, tem eficiência elétrica quando construído de forma adequada e não há aumento do volume de dejetos, aspectos que Seddon considerou positivos. Os pontos negativos são: é específico para certas regiões; é preciso ter redundância elétrica, com geradores, pois se faltar energia haverá acúmulo de gases tóxicos que podem causar a morte dos animais; e há maior dependência de manutenção por ser totalmente automatizado. De acordo com o especialista, o sistema indireto funciona melhor em climas com alta temperatura e baixa umidade do ar, como no Brasil central, nos climas de cerrado e caatinga.
            Seddon explicou, ainda, que na ventilação cruzada o ar se move de maneira transversal aos corredores de alimentação. Já no túnel de vento o ar segue pelo caminho mais fácil, tendo lugares dentro do barracão com boa ventilação e outros sem. “É preciso pensar muito nesses sistemas, em como será a passagem e a velocidade do ar e a temperatura, pois é isso que manterá o conforto dos animais”, salientou o palestrante.
            Para Seddon, tanto o resfriamento direto quanto o indireto irão ser efetivos se usados da maneira correta. “O investimento em resfriamento é o resultado financeiro com o melhor retorno para as propriedades”, concluiu.
            Apoio
O 10º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite tem apoio da Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa, do Conselho Regional de Medicina Veterinária de SC (CRMV/SC), da Embrapa Gado de Leite, do Icasa, da Prefeitura de Chapecó, do Sindicato dos Produtores Rurais de Chapecó, do Sistema FAESC/SENAR-SC, do Sindirações, da Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária (Somevesc) e da Unochapecó.

Veja também

Sala do Empreendedor de Maravilha motiva clientes a comprarem no comércio local30/09/21 Incentivar a retomada econômica no município, fortalecer as empresas locais, motivar o consumidor a comprar no comércio do município e proporcionar preços atrativos no valor dos produtos. Esses são alguns dos objetivos da campanha “Maravilha de Descontos” que é organizada pela Sala do Empreendedor de Maravilha, no extremo oeste catarinense. A iniciativa faz......

Voltar para (Blog)