Postado em 23 de Novembro de 2020 às 13h53

Senar/SC inicia assistência técnica para agroindústrias artesanais

Produtores de Chapecó com atividades voltadas à industrialização de alimentos formam primeira turma do programa que oferece acompanhamento técnico e gerencial às empresas rurais

  • MB Comunicação Empresarial e Organizacional -
  • MB Comunicação Empresarial e Organizacional -
  • MB Comunicação Empresarial e Organizacional -
  • MB Comunicação Empresarial e Organizacional -
 
Quinze produtores de Chapecó, no oeste catarinense, que desenvolvem atividades voltadas à agroindústria artesanal, formam a primeira turma da nova cadeia atendida pelo programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR/SC), órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC). A partir deste mês, os empreendedores rurais terão acompanhamento técnico durante dois anos para desenvolverem a produção, o gerenciamento das atividades e a gestão dos negócios.
Em todo o Estado, segundo o presidente do Sistema FAESC/SENAR-SC, José Zeferino Pedrozo, a assistência técnica e gerencial tem alcançado resultados relevantes em oito cadeias produtivas: pecuária leiteira e de corte, ovinocultura, apicultura, olericultura, fruticultura, piscicultura e maricultura. A inovação deste ano amplia o atendimento no setor que tem crescido exponencialmente no Estado: as pequenas e médias agroindústrias artesanais.
De acordo com Pedrozo, além de Chapecó, outra turma atendida pela nova cadeia iniciará em Nova Veneza, Sul do Estado, em fevereiro do ano que vem, quando a ATeG agro também começará a ser expandida para outras regiões catarinenses. Ele explica que a assistência técnica e gerencial busca agregar valor à produção de alimentos dos pequenos e médios estabelecimentos.
“Fizemos um levantamento amplo das agroindústrias no Estado, categorizando-as por tipo de produto e por região. Como no Oeste a demanda é maior, fechamos a primeira turma no Estado. A seleção leva em conta o atendimento à legislação vigente, o emprego de mão de obra familiar, a utilização de técnicas artesanais, além da produção da própria matéria-prima ou aquisição feita na região. Após essas etapas, iniciaremos a capacitação em gestão e boas práticas e a execução efetiva do programa”, detalha o presidente.
PRODUÇÃO
O produtor da Linha Simonetto, em Chapecó, Cristiano Barp, um dos proprietários da Agroindústria Porcel (suíno em italiano), integra o programa e busca a assistência técnica do SENAR para identificar possíveis deficiências e aprimorar a produção. Ele e toda a família têm o empreendimento há 20 anos, possuem dois funcionários com carteira assinada e comercializam três toneladas de salames por mês, além de cortes de suínos, torresmos, linguiças e defumados. A agroindústria possui Serviço de Inspeção Municipal (SIM) e 80% das vendas são feitas diretamente aos consumidores em quatro feiras na cidade (Centro, Calçadão, Presidente Médici e São Cristóvão).
Neste ano, a alta nos preços dos insumos e da matéria-prima impulsionados pela maior exportação brasileira, diminuiu as vendas e a margem de lucro da família, situação que requer reorganização em busca do equilíbrio financeiro.
 “Há 12 anos deixamos de produzir suínos e passamos a comprar a matéria-prima de uma granja vizinha. A nossa luta é para mantermos a qualidade dos produtos, com equilíbrio financeiro. Acredito que sempre podemos melhorar e que a ATeG pode nos ajudar muito nesta busca”, projeta Cristiano.
A Agroindústria Porcel processa 20 suínos por semana. A matéria-prima passa pelas etapas de desossa, moagem, tempero, cozimento, embutimento, preparação de cortes e embalagem antes de seguir para comercialização, que acontece de forma mais acentuada aos sábados. 
Além da Porcel, participam outras 14 agroindústrias da região que atuam na suinocultura, bovinocultura de corte, ovinocultura, piscicultura e ranicultura (produção de rãs). De acordo com a técnica do programa, Juliane Rossato Cigognini, engenheira de alimentos e especialista em segurança do trabalho, a atuação inicial da ATeG será no cadastramento dos produtores, conhecimento das agroindústrias, do processo de produção e levantamento de dados para diagnóstico econômico e gerencial. “Queremos entender os pontos fracos e fortes de cada produtor e quais as urgências para melhorarmos a produtividade e a renda em todos os processos, desde a matéria-prima até a etapa final”, ressalta.
METODOLOGIA
Segundo a coordenadora estadual da ATeG, Paula Araújo Dias Coimbra Nunes, a assistência técnica e gerencial na nova cadeia vai qualificar produtores para gestão básica das agroindústrias, boas práticas de fabricação e de manipulação de alimentos. Durante o programa, serão avaliados indicadores econômicos e produtivos, com objetivo de aumentar a rentabilidade das famílias.
“É um trabalho que engloba todos os processos da cadeia produtiva e possibilita a realização de ações efetivas nas áreas econômica, social e ambiental, assim como os processos de gestão do negócio. Tudo isso possibilita a evolução socioeconômica da família e da comunidade”, ressalta Paula.
O superintendente do Senar/SC, Gilmar Zanluchi, destaca que a assistência técnica e gerencial orientará os pequenos e médios produtores na melhoria dos processos e auxiliará na formação de arranjos produtivos e na abertura de mercados. “Cada produtor terá um diagnóstico produtivo, com planejamento estratégico, avaliação sistêmica de resultados, adequação tecnológica e capacitação profissional complementar. É um modelo inovador e estritamente técnico ofertado pelo Senar para desenvolver o agronegócio no Estado”.
Santa Catarina tem mais de 1.300 agroindústrias familiares, segundo levantamento da Epagri, e vê o setor em constante ascensão e fortalecimento no Estado. “É uma cadeia que une a força produtiva do agronegócio catarinense com seu potencial de industrialização. Nossos produtores enxergam nela uma forma de empreenderem no campo e qualificarem a produção de alimentos para atenderem o mercado cada vez mais exigente”, avalia Zanluchi.
MERCADO
O presidente do Sindicato Rural de Chapecó e vice-presidente regional da FAESC, Ricardo Lunardi, afirma que a oferta do programa é um avanço na região que se destaca na cadeia da agroindústria. “Temos mais de 100 produtores nos sete municípios de abrangência do Sindicato – entorno de Chapecó — que trabalham com agroindústria artesanal, seja na produção de carnes e derivados ou leite e derivados. É uma área forte e em pleno desenvolvimento que certamente vai agregar ao Estado em produtividade a partir da assistência técnica e gerencial”.

Veja também

Voltar para (Blog)