Quando a liberdade ao volante começa a ser restritiva
O médico do tráfego Dr. João Artur Etz Junior explica que os idosos devem ser avaliados regularmente pelos médicos quanto à presença de problemas de visão, memória e raciocínio, e de força muscular (Foto: Arquivo Pessoal).
Poder conduzir um veículo é uma conquista muito aguardada para a maioria das pessoas, e representa um marco de desenvolvimento importante. Dirigir proporciona liberdade e autonomia no deslocamento, conforto e conveniência nos trajetos, permite ampliar horizontes e experiências ao explorar novos lugares, incentiva a atenção plena, responsabilidade e disciplina, além de propiciar prazer, diversão e conexão social.
Pelos benefícios gerados na coordenação motora, cognitiva e emocional é difícil imaginar o momento de parar de dirigir. Mas, essa reflexão pode surgir ao longo da vida ou com a proximidade da terceira idade. E, essa decisão precisa considerar quais fatores? O avanço da idade é um determinante para a suspensão dessa atividade? Os familiares podem interferir nesse processo? Como é feita a avaliação médica? De que maneira o fato de não dirigir pode afetar a saúde?
O médico do tráfego Dr. João Artur Etz Junior explica que o processo natural de envelhecimento compromete de forma progressiva e irreversível capacidades físicas, cognitivas e percepto-sensoriais do ser humano, com perdas da acuidade visual e auditiva, assim como declínio da força e da resistência muscular. Com isso há redução de desempenho, o que influencia a habilidade para atividades básicas e instrumentais do cotidiano. “O ato de dirigir exige interação entre a visão, cognição e a resposta motora, então, as perdas decorrentes do envelhecimento impedirão gradativamente tal interação”.
Adotar comportamentos saudáveis e realizar acompanhamento médico regular contribuem para quem deseja se manter ativo e no volante, além de evitar as dificuldades da condução. “Há muitas razões para se manter em boa forma em idade mais avançada, incluindo a capacidade de dirigir. Os idosos devem ser avaliados regularmente pelos médicos quanto à presença de problemas de visão, memória e raciocínio, e de força muscular, indicativos que podem comprometer sua capacidade de condução de um veículo”, ressalta.
SINAIS
Para o motorista que está em dúvida sobre qual é o momento adequado de parar de dirigir, o especialista destaca alguns sinais que devem ser observados. Entre eles estão: perdas visuais e auditivas, movimentos mais lentos e menos seguros; diminuição da atenção; lentificação das respostas; menor capacidade de aprendizado e dificuldade de integração das informações recebidas.
Os familiares ou pessoas próximas que notarem alguma limitação que reduza a segurança ao volante, segundo o Dr. João Artur devem “manter um bom diálogo com esse motorista e fazer o acolhimento necessário. No caso dos idosos, por exemplo, costuma haver muita resistência quando eles são impedidos de realizar algo que fizeram a vida toda”. O especialista complementa que dirigir é também um prazer e o fato de não poder fazê-lo pode ser recebido com muita tristeza e indignação. “A inaptidão para dirigir, portanto, representa para o idoso mais uma na sucessão de perdas características do envelhecimento, talvez a mais dolorosa, porque limita a sua mobilidade e, consequente, liberdade e integração social”.
A recomendação é de que a família se disponibilize a levá-lo aos lugares, de maneira cortês e assegurando que poderá continuar com suas outras atividades. “Procure não dar qualquer tipo de esperança que poderá voltar a dirigir, até porque, depois da proibição do médico, é uma medida que o indivíduo deverá cumprir. O quanto antes aceitar esse processo natural do envelhecimento mais fácil será para se concentrar em outras ocupações mais seguras e que lhe trarão maior qualidade de vida”, argumenta.
IMPACTO
Poder dirigir representa estar funcional e ativo, o que ajuda na autoestima, na manutenção de atividades habituais, além de exercitar o cérebro. Por isso, não fazer mais uma atividade que era cotidiana impacta na saúde física e mental. De acordo com o Dr. João Artur, estudos evidenciam importantes declínios sociais, cognitivos e funcionais em idosos que pararam de conduzir veículos, com risco aumentado em até seis vezes de desenvolver depressão, de admissão em casas de repouso e de mortalidade. “Para o indivíduo idoso, o conceito de saúde se dá pela condição de autonomia e independência que ele apresenta, sendo mais relevante que a presença ou ausência de doença orgânica”, reforça o médico.
“As pessoas idosas, mais frequentemente, acreditam que são elas que devem tomar a decisão de quando parar de dirigir. Na escala decrescente de importância para a decisão está a recomendação médica e como último recurso, a intervenção familiar”, revela o especialista. Para reduzir riscos de acidentes, os motoristas idosos adaptam seus hábitos como evitar dirigir no período noturno, em rodovias e em condições desfavoráveis de clima, além de preferir conduzir por distâncias menores e fora do horário de pico. Ainda entre as estratégias estão dirigir mais devagar, acompanhado e por trajetos conhecidos.
Dr. João Artur comenta que o desempenho na direção de veículos é prejudicado somente após uma perda considerável de função. “É difícil de determinar se uma pessoa idosa pode dirigir com segurança. Importante ressaltar também que a idade cronológica não deve ser o único indicador de capacidade de condução”, afirma o especialista. Ele complementa que depois de perder a capacidade de dirigir, um idoso pode ser forçado a fazer grandes mudanças no estilo de vida, muitas vezes, tornando-se incapaz de realizar atividades habituais.
Para avaliar a aptidão física e mental para a condução segura o médico do tráfego considera:
·Uma mente esclarecida;
·Bom discernimento, planejamento e capacidade de tomada de decisão;
·Atenção e foco mental;
·Tempo de reação rápido;
·Coordenação;
·Força adequada;
·Boa variedade de movimentos da parte superior do corpo (tronco superior, ombros e pescoço);
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