Se há um protagonista, cuja trajetória nos orgulha, certamente é Valdir Colatto, Engenheiro Agrônomo de nomeada. Deputado federal por sete legislaturas, líder da aguerrida bancada ruralista, a sua contribuição foi decisiva para a elaboração e aprovação do atual Código Florestal Brasileiro.
Somos testemunhas desta proeza, e da relevância deste marco legal, referência em termos de conservação e preservação ambiental. Juntamente com Luiz Henrique da Silveira, senador catarinense; Moacir Micheletto, deputado paranaense; e Aldo Rebelo, deputado paulista; viabilizaram-no após exaustivas rodadas de negociações. Trabalho árduo, costurado por muitas mãos. Diplomacia de alto nível, sentido lato sensu da palavra.
Colatto, como diria Leonel Brizola, vem de longe. De longe, mas nem tanto assim, pois Xanxerê é Xanxerê: terra boa e de boa gente. Meio oeste catarinense.
Ali o derrame do basalto – coisa de apenas 65 milhões de anos – legou-nos terras férteis. O fausto latossolo. Famosa terra roxa. E nessa boa terra destacam-se as lavouras de milho, soja, trigo, e a produção de suínos, aves e leite, entre outras atividades agropecuárias. E pastagens viçosas que cobrem canhadas, vertentes e coxilhas. E no inverno as forrageiras: azevém e aveia. E sobretudo, nesse território sobressai a boa gente, gente operosa que, com o suor de seu rosto, construiu e constrói dias de fartura.
Mas, de todas as empreitadas levadas a cabo por Colatto - incluindo o comando do Serviço Florestal Nacional -, a sua presença na Secretaria de Estado da Agricultura marcou época. Lavrou tentos. Lá atrás no governo Pedro Ivo Campos, como secretário Adjunto da Pasta. O titular: Neuto de Conto. Lembro bem, pois erámos diretor técnico da CIDASC.
O grande desafio de então: planejamento agrícola com visão de curto, médio e longo prazo. Ampla mobilização liderada por Colatto, resultou no Plano Agropecuário Catarinense (PLANAC). O foco: integrar as ações de pesquisa, extensão, sanidade vegetal e animal e abastecimento. Programas e projetos específicos foram elaborados. Exaustivos embates. Tarefa nada lisonjeira, haja visto o corporativismo e o proselitismo político partidário vigentes.
Três vertentes imperavam: 1) A paternalista - políticas públicas com meras finalidades eleitoreiras; 2) Babelismo, - sinais trocados, dispersão de recursos humanos e financeiros; e 3) Paralelismo – concorrência entre os agentes públicos ao invés de cooperação. Integração a palavra de ordem. Haja esforço. Haja dialogo.
Mas certamente o grande marco: a elaboração do Projeto de Microbacias I com foco na conservação da água e do solo. Projeto esse fruto de parceria com o Banco Mundial (BIRD). Sob todos os aspectos o projeto revelou-se exitoso, seja na melhoria da infraestrura viária (estradas vicinais) ou na proteção dos recursos hídricos e do solo, base de qualquer sistema produtivo. Ou seja: da sustentabilidade.
E passaram os anos, e Colatto, em 2023, assumiu a Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária. Experiente, articula, fortalece os programas da pasta. Embora os contratempos enfrentados: intempéries climáticas: enchentes e estiagens, a Secretaria da Agricultura se faz presente. Prestativa. Incansável. Somos testemunhas disso no Litoral Norte Catarinense.
Porém, por injunções de ordem política, recentemente, deixou aquela pasta. Fato questionado por lideranças do setor, pois vinha fazendo um excelente trabalho.
Mas Colatto é Colatto, sua vivência é fundamental para o agro catarinense e brasileiro, não importa a função que exerça.
É muito raro forjar-se uma liderança desse porte. Batalhadora. Competente. Honesta. Anos e anos de estrada. Não se constrói isso da noite para o dia. Sua saída da pasta foi, sobretudo, sentida pelo setor cooperativista, a mola propulsora da agropecuária catarinense.
Resta-nos reiterar: coragem Colatto. A luta contínua. Nesta hora vem-me à mente as sabias palavras de Bertold Brecht: “Há homens que lutam um dia e são bons; há homens que lutam um ano e são melhores; há os que lutam muitos anos e são muito bons; mas há os que lutam a vida inteira e estes são imprescindíveis”.
Avante Colatto, tua liderança sempre fez e sempre fará a diferença; sabemos disso.
Joinville, 21 de março de 2025
Onévio Antonio Zabot
Engenheiro Agrônomo
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