Manejo nutricional adequado potencializa resultados de desempenho na suinocultura
Especialistas debatem sobre a influência nutricional na imunidade dos suínos e experiência europeia com o banimento do óxido de zinco
Doutor em Medicina Veterinária, Alex Hintz, abordou as influências nutricionais no sistema imunológico dos suínos (Crédito: Andressa Kroth/UQ Eventos)
Um programa nutricional bem planejado, com dietas adequadas para cada fase do suíno e práticas assertivas de manejo repercutem diretamente na saúde e na eficiência produtiva do plantel. O 17º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS) abordou o tema nos debates da programação científica desta quarta-feira (13), com foco na imunidade de suínos e na experiência europeia diante do banimento do óxido de zinco.
O doutor em Medicina Veterinária, Alex Hintz, discutiu sobre as influências nutricionais no sistema imunológico dos suínos. O especialista fez uma introdução ao sistema imunológico, revisou sua importância, apresentou custos econômicos e estatísticas de desempenho em relação à prevenção de doenças.
Alex afirmou que as doenças são um desafio presente na suinocultura mundial. Citou casos de granjas coreanas, chinesas, norte-americanas e brasileiras acometidas por doenças respiratórias e entéricas, provocadas por patógenos bacterianos e virais. “Estamos lutando contra esses patógenos em todo lugar e há um grande custo econômico por trás disso. Percebemos um aumento de mortalidade de suínos jovens, menor ganho de peso diário, pior taxa de conversão alimentar e maior número de intervenções medicamentosas. Ou seja, estamos gastando mais e sofrendo com um impacto no desempenho desses leitões.”
Para reduzir os efeitos dessas doenças, é fundamental adotar estratégias nutricionais no sentido de melhorar a resposta imunológica dos suínos. “O sistema imunológico é complexo e todas as categorias de nutrientes desempenham um papel no desenvolvimento e na função imunológica dos suínos", pontuou.
O especialista trouxe ao público recomendações para formular dietas que contribuam com uma melhor resposta imunológica nos suínos, partindo de um panorama geral sobre nutrição, com detalhes sobre o uso de proteínas, aminoácidos, minerais e outros aditivos, como ácidos orgânicos e óleos essenciais.
Ainda citou estudos humanos relacionados à nutrição, a partir de pesquisas sobre a Covid 19, e exemplificou como essas descobertas podem contribuir com a suinocultura. “Muitas das nossas ideias para aprimorar a alimentação animal vieram de estudos da alimentação humana. São estudos muito úteis para mostrar na prática o papel das vitaminas e da nutrição como um todo no enfrentamento a doenças.”
Para concluir, o doutor frisou que é preciso ter sempre atenção nas práticas básicas. “As doenças podem trazer grandes perdas econômicas e tudo que fizermos para melhorar a resposta imunológica dos animais vai nos fazer economizar dinheiro. Fique atento aos estudos de nutrição, mas não esqueça do básico. É preciso prestar atenção nas pequenas coisas, na alimentação, na densidade energética, monitorar os níveis de aminoácidos, não perder de vista um panorama geral. A nutrição exige uma abordagem em conjunto para alcançarmos o máximo de eficiência.”
ÓXIDO DE ZINCO NA SUINOCULTURA
O óxido de zinco (ZnO) em doses farmacológicas é uma ferramenta amplamente utilizada pela suinocultura brasileira para melhorar o desempenho de leitões. Tem efeito no controle de problemas entéricos e no desempenho desses animais. Seu uso não enfrenta restrições no Brasil, no entanto, está em discussão em outros países e já foi banido pela União Europeia.
Essas restrições acendem para a necessidade de discutir mais amplamente o tema, pois no futuro, a proibição deste aditivo pode ser uma exigência para garantir acesso a mercados internacionais. O engenheiro agrônomo especialista em nutrição animal, Leandro Hackenhaar, debateu o que o Brasil pode aprender com a experiência europeia.
De acordo com o especialista, o óxido de zinco é eficaz, tanto no controle de bactérias gastrointestinais, como no fortalecimento do sistema imunológico e desempenho dos leitões. A preocupação em relação ao seu uso no continente europeu foi o impacto ambiental provocado pela sua acumulação no solo.
“Na Europa foi detectado, em algumas regiões, que há níveis de zinco no solo acima do que é considerado razoável, por isso decidiram que ele deveria ser banido. No entanto, ele realmente funciona. Então, como se produz com a mesma eficiência sem ter esse recurso? Isso foi um grande aprendizado, pois se percebeu que outros aditivos ajudam, mas não substituem plenamente o óxido de zinco. O que passou a ser feito foram mudanças de manejo", salientou.
Considerando que os países da União Europeia fazem um uso reduzido de antibióticos, Hackenhaar explica que para combater doenças e atingir um bom desempenho, mesmo sem o ZnO, foram adotadas uma série de ações focadas em biossegurança e nutrição.
O engenheiro agrônomo citou medidas básicas para manter uma boa saúde intestinal: idade adequada de desmame, ingestão de matéria seca antes do desmame, baias limpas e quentes, nenhuma ou limitada mistura de lotes, boa qualidade da água e alimentos de alta digestibilidade. Também fez apontamentos sobre o uso de fibras e alimentação suplementar na dieta. “A nutrição é uma ferramenta complementar. O manejo vem em primeiro lugar!”, salientou.
Segundo Hackenhaar, o banimento do óxido de zinco vem crescendo no mundo e é preciso olhar com atenção para esses casos. “Estarmos aqui discutindo sobre esse tema é um indicador de que precisamos estar atentos para esse processo. É claro, entendendo sempre a realidade brasileira, conhecendo a situação do nosso solo e verificando se há realmente alguma previsão de contaminação antes de adotar qualquer medida”, finalizou.
Público lotou teatro do Centro de Eventos no segundo dia do 17º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (Crédito: Andressa Kroth/UQ Eventos)
Engenheiro agrônomo Leandro Hackenhaar discutiu a experiência europeia com o banimento do óxido de zinco (Crédito: Andressa Kroth/UQ Eventos)
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