Postado em 11 de Maio de 2023 às 14h04

Implante de eletrodo cerebral favorece autonomia de paciente com distonia

São feitos dois trépanos na calota craniana por onde são inseridos os eletrodos que vão até a profundidade do cérebro (Foto: Paula Fernanda Taffarel Benetti).

Escovar os dentes, lavar o rosto, tomar banho, vestir a roupa, arrumar a cama, tomar um copo de água ou organizar os objetos pessoais. Essas são algumas atividades do cotidiano, consideradas bem simples para a maioria das pessoas. Mas, imagine não poder executá-las ou conseguir apenas com auxílio de familiares ou utensílios adaptados. Em busca de autonomia, um paciente com distonia (distúrbio neurológico dos movimentos caracterizado por contrações involuntárias dos músculos), foi submetido ao procedimento de implante de eletrodo cerebral profundo, recentemente, no Hospital Unimed Chapecó.
A cirurgia de alta complexidade foi conduzida por uma equipe multidisciplinar: Dr. Luan Lucena (neurocirurgião especialista em Neurocirurgia Funcional e Radiocirurgia) e acompanhada pelos profissionais Dr. Marcelo Lemos Vieira da Cunha (neurocirurgião), Dr. Antônio de Salles (neurocirurgião – São Paulo), Dra. Alessandra Augusta Gorgulho (neurocirurgiã – São Paulo), Dr. Emanuel Malaguez Webber (neurofisiologista), Dr. Mateus Henrique de Araujo Santos (neurologista), Dra. Aline Bonfante (anestesiologista) e Déborah de Souza (instrumentadora).
Esse procedimento requer em média de seis a oito horas. Dr. Lucena explica que são feitos dois trépanos na calota craniana, de aproximadamente quatro milímetros cada um, por onde são inseridos os eletrodos que vão até a profundidade do cérebro perto dos núcleos envolvidos na regulação dos movimentos. A localização é guiada por estereotaxia (aro que fica em volta da cabeça do paciente) e navegação da fusão de imagens da ressonância e tomografia, e, por fim, ocorre a programação do software. “Como o paciente tem distonia permaneceu toda cirurgia dormindo diferentemente da aplicação da mesma técnica para Doença de Parkinson em que a pessoa desperta durante a cirurgia para avaliação”, comenta o médico.   
A segunda etapa da cirurgia compreende a implantação do gerador (parecido com um marca-passo cardíaco), que ficará na região infraclavicular, em cima do tórax. Esse gerador será programado e modulado pelo especialista que acompanha o caso. O aparelho envia energia, por meio dos eletrodos implantados, para o estimulador dos núcleos específicos. Posteriormente, o gerador será carregado via bluetooth, basta o paciente aproximar o carregador externo da região infraclavicular.
A estimulação cerebral profunda, com a sigla inglês Deep brain stimulation (DBS), é indicada, principalmente, para pacientes com Doença de Parkinson, distonia (distúrbio neurológico dos movimentos caracterizado por contrações involuntárias dos músculos), tremor essencial (distúrbio neurológico do movimento que, geralmente, afeta as mãos), epilepsia (doença em que há perturbação da atividade das células nervosas no cérebro e causa convulsões) e dor crônica. Segundo Dr. Lucena essa técnica cirúrgica, que envolve a modulação cerebral, também pode ser indicada para doenças comportamentais ou psicocirurgias como depressão, Doença de Gilles de Ia Tourette, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), esquizofrenia, anorexia nervosa, Alzheimer e autismo.
Quanto aos resultados da aplicação dessa técnica no paciente com distonia, Dr. Lucena comenta que primeiramente ocorre o ganho de mais autonomia para tarefas do dia a dia. “Ao olhar de fora parecem pequenos avanços, mas que farão grandes diferenças na qualidade de vida. Na distonia os resultados costumam vir a partir de um determinado tempo de estimulação, quando será possível observar a melhora nos movimentos involuntários. Já na Doença de Parkinsoné visível imediatamente após ligar o aparelho. Então, nesse caso dentro de um mês reavaliamos o paciente e mantemos um acompanhamento constante”, justifica.
Tanto nos casos de distonia quanto de Doença de Parkinson, segundo o médico neurologista, são aplicados questionários e avaliações pré-operatórias que, posteriormente, são analisados para identificar os dados de maneira objetiva e mensurar os resultados de melhora, além de agregar com o relato do paciente e suas conquistas cotidianas.

Esse procedimento requer em média de seis a oito horas (Foto: Paula Fernanda Taffarel Benetti).

Dr. Luan Lucena, Dra. Alessandra Gorgulho, Dr. Antônio De Salles e Dr. Leonardo Frighetto (Foto: Paula Fernanda Taffarel Benetti).

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