Postado em 10 de Maio de 2021 às 16h25

Estamos comendo nossas emoções?

Entenda os motivos que levam ao ganho de peso, os possíveis gatilhos para compulsão alimentar e a importância do acompanhamento interdisciplinar de profissionais

  • MB Comunicação Empresarial e Organizacional - A médica cooperada da Unimed Chapecó e endocrinologista Dra. Vanessa Bittencourt de Almeida Tavarone.
  • MB Comunicação Empresarial e Organizacional - Dra. Vanessa reforça que alguns comportamentos predominantes requerem atenção redobrada.
Noventa e seis milhões de brasileiros estão com excesso de peso. Isso representa que 60,3% da população adulta tem um índice de massa corporal (IMC) maior que 25 kg/m², ou seja, superior ao peso saudável. Os dados são de pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), publicada em outubro de 2020. Outro levantamento recente, do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição da Universidade de São Paulo (USP) em parceria com outras universidades, comprova que a pandemia também refletiu em ganho na balança. Mais de um terço dos brasileiros teve mudanças significativas no último ano. A avaliação com 14.249 pessoas mostrou que 19,7% tiveram ganho de peso de pelo menos dois quilos.
Expressões como “vou ‘engolir’ minhas emoções”, “descontei minha frustação na comida” ou “comemorei minha conquista com meu prato favorito” têm se tornado cada vez mais comuns. Mas, como é possível identificar essas atitudes? De acordo com a médica cooperada da Unimed Chapecó e endocrinologista Dra. Vanessa Bittencourt de Almeida Tavarone, é preciso observar os gatilhos que fazem comer mais. “Podem ser situações de estresse, incertezas em relação ao futuro (como a vivenciada agora), dificuldade em lidar com os desafios do cotidiano, a perda da rotina (muitas pessoas estão em home office) e até o tédio. Quando o comer de forma excessiva é desencadeado pelas emoções, sejam boas ou ruins, chamamos de ‘comer emocional’”, explica.
Outro ponto importante relacionado a ingestão exagerada de alimentos é esclarecer alguns paradigmas. Segundo a médica, o “comer emocional” é diferente do transtorno compulsivo alimentar periódico, que possui critérios diagnósticos bem definidos. “Os dois podem se apresentar em pessoas sem obesidade. A regra também vale para a pessoa que convive com obesidade, que não precisa apresentar um transtorno alimentar. Porém, é importante destacar que a prevalência de transtornos alimentares em pessoas com obesidade é estimada em 30%”, comenta.
Alguns comportamentos predominantes requerem atenção redobrada, a exemplo de comer sem perceber a quantidade ingerida ou engolir rapidamente o alimento. “Essas condutas podem estar presentes e costumam estar relacionadas à obesidade. As pessoas podem comer rapidamente por estarem distraídas com a televisão ou o celular, por hábito ou como manifestação de um comportamento ansioso ou compulsivo. Este comer rapidamente pode levá-la a exagerar sem perceber. É como se não desse tempo do estômago avisar ao cérebro que já está saciado, levando a pessoa a comer mais para se sentir satisfeita”, destaca Dra. Vanessa.
Infelizmente há muita resistência das pessoas em compreender que a obesidade é uma doença. “Essa intolerância ou preconceito está permeada em nossa sociedade. O excesso de peso é visto como uma falha individual, falta de força de vontade ou preguiça. Essa visão também está muito presente entre os profissionais da área da saúde. Comer menos e se exercitar mais é a solução simplista que se acredita resolver o problema. Em função dessa visão, as pessoas que convivem com obesidade demoram a procurar ajuda profissional. Mas eu questiono: as pessoas tratam sozinhas sua hipertensão, diabetes ou asma? Não! É consenso que precisam de orientação especializada. Então, por que com a obesidade seria diferente?”, indaga.
Para auxiliar uma pessoa com obesidade, primeiramente, é necessário trabalhar contra o estigma e a discriminação. Para a médica, ao reconhecer a obesidade como doença crônica e complexa, o paciente entende que não há uma solução única ou fácil. “É preciso um trabalho conjunto, com a colaboração de endocrinologistas, cirurgiões bariátricos, nutricionistas, psicólogos e educadores físicos. Ouso dizer que o acompanhamento tem que ser interdisciplinar, porque todos os profissionais envolvidos no cuidado devem falar uma linguagem comum, atuar com o mesmo foco, para que o atendimento não fique fragmentado”, argumenta a endocrinologista.
Dra. Vanessa defende a importância do Brasil implementar políticas públicas que favoreçam o acesso tanto à prevenção quanto ao tratamento das pessoas que convivem com a obesidade. “Tratamento pautado em ciência, com ética e respeito à pessoa. O cuidado tem que ser centrado na pessoa. Cada indivíduo é único e tem suas próprias motivações. Cabe a nós profissionais da área da saúde estarmos capacitados para ajudar na identificação destes estímulos e para construir estratégias de enfrentamento do problema”. Aliado a esse acompanhamento profissional, a participação da família é essencial, principalmente no tratamento de criança e adolescente com excesso de peso. “Se entendermos que todo o cuidado, seja em relação à alimentação, atividade física, ambiente e emoções, visa uma melhora da saúde e da qualidade de vida, o envolvimento da família só tem a acrescentar no bem-estar de todos”, argumenta a médica.
OBESIDADE
A obesidade, segundo definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), é o excesso de gordura corporal, em quantidade que determine prejuízos à saúde. Uma pessoa é considerada obesa quanto seu IMC é maior ou igual a 30 kg/m². A doença é um dos principais fatores de risco para várias enfermidades, como diabetes, disfunções cardiovasculares, hipertensão, acidente vascular cerebral (ACV) e vários tipos de câncer.
Atualmente, segundo a médica, os estudos científicos comprovam que a obesidade é uma doença crônica e complexa, por resultar da interação de risco genético, alimentação, acesso aos cuidados de saúde, saúde mental, qualidade do sono, sedentarismo, valores culturais, entre outros. Para contribuir com o tratamento de pessoas com obesidade, a Medicina Preventiva – Espaço Viver Bem da Unimed Chapecó – disponibiliza o programa “Viver Bem Saudável”, que busca melhorar a qualidade de vida dos usuários do plano de saúde. A iniciativa conta com o trabalho de médicos, nutricionistas, psicólogas e educador físico, visando estimular a adoção de hábitos mais saudáveis.

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