Postado em 07 de Abril de 2022 às 17h48

Debates sobre qualidade da água, bem-estar e saúde intestinal encerram programação do 22º SBSA

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            O debate sobre disponibilidade de água para a produção agropecuária não é recente, mas continua extremamente relevante. O tema foi explanado na palestra sobre “Qualidade de água: sustentabilidade x crise hídrica” pelo engenheiro agrônomo Antônio Mário Penz Junior, mestre em Agronomia, PhD em Nutrição e pós-doutor em Nutrição de Aves no 22° Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), evento promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet) que encerrou nesta quinta-feira (7). Paralelamente, ocorreu a 13ª Brasil Sul Poultry Fair. Os eventos foram híbridos, com realização no Parque de Exposições Tancredo Neves, em Chapecó (SC), e transmissão on-line ao vivo.
            Mário Penz iniciou sua explanação lembrando que a indústria 4.0, as tecnologias e as inovações são importantes, mas não se pode esquecer do básico. “A indústria 1.0 continuará existindo. Os frangos não têm saliva, o que os impedem de comer. Eles tomam duas vezes mais água do que comem, sendo que a disponibilidade de água é fundamental para o consumo da ração e o desenvolvimento da ave”.
            O palestrante apresentou números sobre a disponibilidade de água no Brasil e no mundo e reforçou que é fundamental saber usá-la. “A proteína de frango é a que consome menos água em relação às outras proteínas de origem animal”, frisou, ao citar a consciência e sustentabilidade com a captação de água da chuva, por exemplo. “Um galpão de 16mX150m pode acumular aproximadamente 3000 metros cúbicos de água por ano. Um lote de 35 mil frangos consome 450 metros cúbicos”.
            Salientou que além da preocupação com a qualidade da ração, deve haver atenção com a qualidade de água para o consumo dos frangos. “No primeiro dia, depois do alojamento, os pintos bebem 40% de seu peso corporal. Esse consumo é importante para recuperar a desidratação que ocorre depois da eclosão, no incubatório e no transporte”.
            Mário Penz realçou a importância de indicadores sobre o consumo de água nas propriedades. Expôs que em dietas fareladas os frangos bebem dois litros de água e consomem um quilo de alimento, em dietas peletizadas a relação é de 1,6 litro de água para um quilo de alimento e com dietas com partículas grossas há redução do consumo de água em até 10%.
Porém, há dados que não são conhecidos, como a quantidade de água usada em painéis evaporativos, para limpeza, para molhar os frangos antes da saída da granja, para outros animais e pequenas plantações e para as necessidades domésticas. “Temos que mudar nossa preocupação com a água na propriedade, esse deve ser o primeiro aspecto a nos comprometer com a produção de frango”, concluiu o especialista.
            BEM-ESTAR E SAÚDE INTESTINAL
            Para encerrar a programação científica do 22º SBSA, a professora associada na Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), Ibiara Correia de Lima Paz, palestrou sobre “Bem-estar e aspectos relacionados à saúde intestinal”.
            Ibiara frisou que é preciso mostrar que bem-estar não é algo de outro mundo e que o bom senso ajuda bastante nessa tarefa. “Às vezes mudando o manejo, se melhora muito o bem-estar. Nós descobrimos com anos de pesquisa que a integridade intestinal melhora o bem-estar, por vários motivos. O principal é que a serotonina, que é o hormônio do bem-estar, é produzida 95% nas células intestinais, ou seja, um intestino saudável terá maior produção de serotonina. Quando se tem probióticos, alguns melhoradores de desempenho, que promovem o equilíbrio da microbiota, consequentemente se tem maior qualidade e maior sanidade”.
            A palestrante enfatizou a importância de uma dieta balanceada, mas que nem sempre o intestino da ave está preparado para absorver tudo que é oferecido, sendo necessário melhorar a saúde intestinal para melhorar também a absorção dos nutrientes. “Assim, diminui a excreção de nitrogênio e melhora a qualidade da cama, consequentemente, diminui a liberação de amônia no ambiente e as aves ficam mais tranquilas por conta da serotonina, não se arranham, não se bicam”, explicou Ibiara, ao acrescentar que esse conjunto de fatores aprimora, ainda, a qualidade de carcaça. Fica mais fácil de realizar o manejo pré-abate. Consegue-se andar entre as aves sem que elas pulem e se batam”.
            Ibiara ressaltou que os consumidores estão mais conscientes e exigentes. “O bem-estar animal está cada vez mais em evidência e ter essa agregação de valor ao produto, além de uma perda menor por condenação ou perdas na carcaça, ganha-se em reais por evitar danos e ter um animal com bem-estar melhor”, finalizou.
O 22º SBSA teve apoio da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), do Conselho Regional de Medicina Veterinária de SC (CRMV/SC), da Embrapa, da Prefeitura de Chapecó, do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) e da Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária (Somevesc).

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