Amanda Michele da Silva Gabrielli, tinha apenas 12 anos quando, sentada ao lado da mãe, descobriu o encanto de transformar linha em beleza. Aprendeu a fazer bicos de crochê em panos de prato, e a cada ponto criava também um vínculo, uma herança silenciosa que se transmitia pelas mãos. Sem acesso fácil à internet, buscava orientação em quem carregava décadas de sabedoria, a mãe, as vizinhas e as artesãs mais velhas. Desde então, nunca mais deixou de ter linha e agulha por perto.

Aos 14, ampliou seu universo. Incentivada pelo pai, fez um curso de tricô e logo começou a produzir sapatinhos, toucas e casaquinhos. Foi também nessa idade que realizou a primeira venda, um jogo de guardanapos feito a partir da amostra da própria cliente.  “Ali surgiu o desejo de fazer para vender”, disse.

Naquela época, poucos enxergavam o artesanato como fonte de renda. Mas Amanda nunca teve dúvidas. “Sempre foi trabalho, sempre foi valioso”. A vida seguiu. Tornou-se mãe, formou-se técnica em enfermagem, trabalhou no hospital e, nos intervalos, bordava para o próprio bebê. As colegas descobriram seu talento e, naturalmente, as encomendas voltaram a surgir e a crescer. “Faz dez anos disso, e ainda tenho algumas clientes daquela época”, conta, com gratidão de quem colhe laços que cultivou com carinho.

Quando se mudou para Lajeado Grande (SC), deixou o hospital, mas não abandonou a arte. Passou a vender para Abelardo Luz, Xanxerê, e as irmãs, que vivem em Xaxim, divulgaram seu trabalho pela região. Na internet criou um canal no YouTube, ensinou o que sabia e descobriu que sua arte podia alcançar mais gente do que imaginava. Por cinco anos, ministrou oficinas no CRAS e no Serviço de Convivência, onde aprofundou ainda mais sua presença no universo artesanal.

E como quem segue o chamado da própria sensibilidade, expandiu sua criação para miçangas, pérolas, pulseiras, chaveiros, brincos e laços de cabelo, muitos deles nascidos de pedidos carinhosos das próprias clientes. “Eu não gosto de rotina”, diz. E talvez seja essa inquietude criativa que mantém viva a chama que move suas mãos.

O PONTO QUE VIROU A CHAVE

Amanda buscou qualificação em cursos on-line, aperfeiçoamento técnico, atendimento digital e gerenciamento de redes sociais. Porém, foi com o apoio do Sebrae/SC e da Prefeitura Municipal de Lajeado Grande, por meio do Programa Cidade Empreendedora e da Solução Arte Catarina, que encontrou a virada que impulsionou o seu trabalho para um novo patamar. “Com o Sebrae/SC consegui enxergar o quanto meu trabalho tinha potencial de crescer mais ainda. As técnicas e as orientações me ajudaram a ajustar o que faltava”, enfatiza, a artesã.

Atualmente, ela vive exclusivamente do artesanato. Nos últimos dois anos, suas vendas cresceram tanto que ela precisou reorganizar a rotina, e, por vezes, recusar encomendas.

Uma das maiores conquistas nasceu de um gesto simples e cheio de afeto, um desafio proposto pelo filho. Eles viram na internet um sapatinho de crochê em formato de tênis. Amanda comentou que gostaria de fazer um. O filho respondeu de imediato que a desafiava, pois tinha a certeza de que ela conseguiria. E ela conseguiu. Com o material que tinha, assistiu um vídeo e criou seu primeiro par. Depois aprimorou técnica, acabamento e até a embalagem. Hoje, é a única artesã da região, “por enquanto”, como ela faz questão de frisar, a produzir sapatinhos de crochê personalizados com material exclusivo.

Foi também pelo Instagram @artesanatoslg_amanda, que recebeu uma encomenda vinda dos Estados Unidos, lembrancinhas de batizado em forma de chaveiro. A cliente encontrou seu trabalho pesquisando na rede, fez o pedido e solicitou envio para São Paulo. Uma venda internacional, um marco de que sua arte atravessa fronteiras, físicas e emocionais.

A gestora regional do Programa Cidade Empreendedora no Oeste, Gabriela Heming, destaca a importância do trabalho realizado no território e o impacto do empreendedorismo local.
“O Cidade Empreendedora tem mostrado, aqui no oeste, como a união entre gestão pública, empreendedores e comunidade transforma realidades. O Sebrae/SC segue firme ao lado dos municípios para fortalecer pequenos negócios, gerar oportunidades e impulsionar o desenvolvimento onde as pessoas vivem. Quando as pessoas crescem, as cidades crescem junto”, disse.

UMA NOVA FASE

A história de Amanda é feita de fios, mas também de coragem. De escolhas pequenas que se revelaram grandes. Agora, o artesanato sustenta sua casa, realiza seus sonhos e a projeta para horizontes que antes pareciam distantes. “Estou em uma nova fase. Fase de crescimento, de realização e sem medo de atravessar fronteiras”, afirma. A família é sua maior incentivadora, seu porto. E o futuro, ela sabe, continuará sendo tecido com a mesma força que guiou sua jornada desde a infância.

Entre linhas e afetos, Amanda segue com a criação de peças e caminhos. Cada ponto que dá, carrega sua história, suas conquistas e a certeza de que, quando o trabalho nasce do coração, ele encontra sempre um jeito de alcançar o mundo.

SOBRE O SEBRAE                                                                                                                                 O Sebrae/SC comemora, em 2025, 53 anos de dedicação ao fortalecimento dos pequenos negócios e ao fomento do empreendedorismo em Santa Catarina. Com presença em todas as regiões do Estado, a instituição oferece soluções que impulsionam o desenvolvimento econômico e social, apoia milhões de empreendedores ao longo de sua trajetória. Reconhecido nacionalmente, o Sebrae é hoje a 4ª marca mais valiosa do país, com um ativo de R$ 33,9 bilhões, reflexo de sua credibilidade, impacto e compromisso com a transformação dos territórios onde atua. Em Santa Catarina, o Sebrae é parceiro estratégico de quem faz o estado crescer.

 

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