Postado em 08 de Abril de 2021 às 09h36

Biossegurança e vacinação são medidas importantes de prevenção e controle de laringotraqueíte

            A laringotraqueíte infecciosa (ILT) é uma doença infecciosa do trato respiratório que afeta principalmente galinhas. Este tema de grande relevância encerrou a programação de quarta-feira (7) do 21° Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet) e que segue até esta quinta-feira (8). O médico veterinário zootecnista, doutor em microbiologia médica e pós-doutor em virologia molecular Guillermo Zavala palestrou sobre “Laringotraqueíte infecciosa: prevenção e controle”, no Bloco Sanidade do SBSA. Embora a doença não seja preocupante no Brasil, conhecer as medidas de prevenção e controle é importante para manter a saúde dos plantéis brasileiros.
Quando as aves de corte são infectadas, o maior impacto econômico está relacionado ao crescimento dos frangos que, com a febre, param de beber e comer, causando redução no ganho de peso, perda de uniformidade e, nas poedeiras comerciais ocorre redução na produção de ovos. Em ambos os casos, há aumento da mortalidade. “Além disso, aves infectadas podem excretar o vírus em altas concentrações, antes mesmo dos primeiros sinais clínicos da doença, facilitando a contaminação de pessoal, equipamentos e veículos e posterior transmissão para outros galpões ou granjas”, acrescentou o palestrante.
            Zavala explicou que a laringotraqueíte é causada por um herpesvírus tipo 1 (GaHV-1). “O agente etiológico é um vírus envelopado de DNA de fita dupla. Os herpesvírus geralmente induzem infecções permanentes e as aves infectadas nunca eliminam completamente o vírus, portanto, uma vez infectadas, sempre serão uma fonte potencial de infecção para outras aves”, sublinhou.
            O vírus infecta as aves através do trato respiratório superior, inicialmente se replicando na mucosa ocular, cornetos nasais e nasofaringe, e posteriormente, infectando e se replicando na laringe e traqueia. “O período de incubação do vírus é de três a cinco dias e os surtos costumam ocorrer quando os frangos estão com a idade média de 40 dias, justamente no período de envio para os abatedouros. O pico de replicação viral, sinais clínicos e mortalidade ocorre cerca de cinco a sete dias após a infecção.
Muitas das aves infectadas sobrevivem, mas permanecem infectadas pelo resto da vida. Por essa razão, é praticamente impossível erradicar completamente a doença de instalações onde há várias idades, como nas granjas de poedeiras comerciais, pois esse tipo de instalação avícola nunca está vazia. “No caso de matrizes e frangos de corte, é possível erradicar a doença pelo menos temporariamente, uma vez que se trata de um aviário de uma única idade, de modo que há um ponto final em que o vírus é eliminado junto com as aves no final de seu ciclo produtivo”, explicou Zavala.
PREVENÇÃO E CONTROLE
De acordo com Zavala, os métodos de prevenção e controle mais relevantes incluem biossegurança e vacinação. “Os sistemas de biossegurança que são usados rotineiramente para prevenir a maioria das doenças infecciosas são eficazes na prevenção de laringotraqueíte em operações avícolas que não usam vacinas de vírus vivos e são eficazes também para operações que usam vacinas recombinantes. Operações que usam vacinas de vírus vivo (vírus vacinal propagado em embriões de galinha - CEO) ou em culturas de células (TCO) devem usar as mesmas medidas de biossegurança, mas também devem estar cientes da possibilidade de transferência do vírus vacinal para populações de aves não vacinadas”.
No Brasil, as vacinas CEO não são autorizadas e apenas vacinas TCO e vacinas recombinantes com HVT e vetores de varíola são permitidas. “Qualquer uma dessas ferramentas pode beneficiar empresas que desejam implementar vacinas como complemento à biossegurança. Não existe vacina perfeita, nem esquema de vacinação perfeito. Qualquer um dos produtos biológicos disponíveis no mercado tem potencial para cumprir satisfatoriamente os seus objetivos, mas é necessário complementar a sua função de prevenção com programas rígidos de biossegurança”, salientou Zavala.
Entre os aspectos de prevenção e biossegurança importantes para a prevenção e controle de laringotraqueíte, Zavala ressaltou a importância do rápido diagnóstico e implementação de medidas emergenciais de biossegurança. O controle efetivo de qualquer doença infecciosa requer laboratórios confiáveis capazes de analisar amostras suspeitas de laringotraqueíte no prazo máximo de 24 horas. Enfatizou a importância da limpeza e desinfecção das roupas utilizadas pelas equipes, bem como todos os equipamentos e veículos da propriedade. A cama contaminada deve receber tratamento térmico antes do transporte em caminhões totalmente cobertos. Entre as medidas, o palestrante citou ainda que se deve evitar transportar lixo ou aves infectadas ao longo de estradas ou rodovias onde há várias instalações avícolas, implementar um vazio sanitário de pelo menos 21 dias nas propriedades afetadas, lotes infectados devem ser enviados para a planta de processamento, se possível, no último dia da semana útil, e devem ser processados no último turno de trabalho do dia.
            Outro aspecto fundamental é organizar programas de conscientização e educação sobre questões de biossegurança para a prevenção de laringotraqueíte. O surto poderá ser declarado erradicado quando tiver passado pelo equivalente a dois ciclos completos de produção de frangos de corte, incluindo os tempos de vazio sanitário.
SOBRE O EVENTO
A programação científica do 21º SBSA está subdividida em cinco módulos: futuro, mercado, abatedouro, sanidade e manejo. As palestras estão focadas em assuntos de interesse do público de campo, produtores, técnicos, veterinários, gestores das agroindústrias, integrações e cooperativas. São temas que fazem parte dos principais pilares da cadeia de produção de aves.
Paralelamente ocorre a 12ª Brasil Sul Poultry Fair e demais eventos paralelos. A feira virtual reúne mais de 70 empresas nacionais e multinacionais. É um espaço onde as empresas geradoras de tecnologias apresentam suas novidades e seus produtos que permite networking, bem como o aprimoramento técnico dos congressistas.
O 21º Simpósio Brasil Sul Avicultura tem apoio do Conselho Regional de Medicina Veterinária de SC (CRMV/SC), da Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária (Somevesc), da Prefeitura de Chapecó, da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), da Embrapa Suínos e Aves e da Unochapecó.
Mais informações no site: www.nucleovet.com.br/simposio/avicultura
 
Programação Científica do 21º Simpósio Brasil Sul de Avicultura
 
8 DE ABRIL DE 2021
BLOCO MANEJO
13h30 às 14h10: “Manejo inicial em frangos de corte: os desafios no manejo inicial do frango de corte moderno frente as novas tecnologias de criação”.
Palestrante: Rodrigo Tedesco.
14h15 às 14h55: “Manejo final em frangos de corte: como extrair ao máximo o que a tecnologia da climatização oferece frente ao desempenho do frango moderno.”
Palestrante: Roberto Yamawaki.
15h às 15h40: “Recuperando os conceitos básicos de manejo para criação do frango de corte: atualizações/novidades em ambiência e manejo para o melhor desempenho do frango de corte atual”.
Palestrante: José Luiz Januário.
15h40 às 16h10: Debate.
16h10 às 16h20: Intervalo.
BLOCO NUTRIÇÃO
16h20 às 17h: “Importância da estrutura da dieta para desenvolvimento do trato digestivo. Problemas relacionados ao mau desenvolvimento.”
Palestrante: Alex Maiorka
17h05 às 17h45: “Interação dieta e estresse térmico: impactos fisiológicos e produtivos na produção de frangos de corte.”
Palestrante: Fernando Rutz.
17h45 às 18h15: Debate.
 
Foto 08 – Guillermo Zavala frisou que a laringotraqueíte é uma doença infecciosa que afeta exclusivamente o trato respiratório superior das aves
 
Foto 09 – Guillermo Zavala palestrou sobre a prevenção e controle da laringotraqueíte

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