Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC)
Vanir Zanatta Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC)
Santa Catarina experimentou, nas últimas décadas, um vigoroso processo de deslocamento populacional interno que alterou profundamente a configuração territorial do Estado. A litoralização — transferência de populações do interior para as regiões litorâneas — constituiu uma das faces mais visíveis desse fenômeno. Embora sua intensidade tenha diminuído, não foi completamente estancada. Trata-se de uma expressão do êxodo rural, movimento social complexo que reflete causas estruturais e históricas.
Nos tempos atuais, o ritmo da migração campo-cidade tornou-se mais lento, mas permanece presente. O exemplo do grande oeste catarinense é emblemático: pesquisas indicam a perda gradual e contínua de população de pequenos municípios em direção a centros regionais e, em segundo movimento, às áreas litorâneas. A concentração populacional na orla marítima, porém, acarreta distorções relevantes: sobrecarga da infraestrutura urbana, desequilíbrio na distribuição da força de trabalho e intensificação de problemas nas cidades turísticas.
Nesse contexto, o cooperativismo e o Sistema S — especialmente Sescoop, Senar e Sebrae — desempenharam, ao longo das últimas duas décadas, um papel decisivo na transformação da realidade rural catarinense. Investimentos maciços em formação e aperfeiçoamento profissional qualificaram produtores e trabalhadores, modernizando o perfil dos agentes econômicos do setor primário. O produtor rural tradicional evoluiu para empresário rural; o trabalhador tornou-se recurso humano capacitado; as famílias rurais adquiriram multifuncionalidade e domínio de múltiplas tarefas. Essa evolução foi potencializada pela ação coordenada de cooperativas, sindicatos rurais e agroindústrias.
As principais cadeias produtivas do Estado modernizaram-se mediante a conjugação de talento e tecnologia. Os profissionais formados pelos programas do Sistema S passaram a adotar métodos de gestão eficientes, maximizando o uso dos recursos disponíveis. A inovação tecnológica consolidou-se em equipamentos modernos, genética aprimorada, técnicas de manejo e edificações agrícolas adequadas. Cadeias como avicultura, suinocultura, bovinocultura de corte e leite, além da produção de grãos, alcançaram patamares superiores de produtividade e rentabilidade.
A consequência direta dessa transformação foi o aumento da renda no meio rural. Com maior capacidade de geração de riqueza, as famílias puderam acessar bens duráveis, usufruir de conforto e alcançar padrões de bem-estar semelhantes — ou superiores — aos das áreas urbanas. A renda sustentável constitui, nesse cenário, o elemento-chave para a fixação do homem no campo. Produtores eficientes permanecem em suas propriedades, consolidando novos empreendimentos e atraindo trabalhadores e investidores, o que dinamiza a economia rural e contribui para reequilibrar a ocupação territorial do Estado.
A atuação estratégica do cooperativismo e do Sistema S demonstra que o fortalecimento das cadeias produtivas rurais oferece resultados concretos e duradouros, superiores aos de qualquer programa social ou política compensatória isolada. Ao gerar renda, qualificar pessoas e modernizar estruturas, essas instituições contribuíram de forma decisiva para conter o êxodo rural e reduzir a pressão migratória sobre o litoral. Trata-se de uma ação transformadora que reafirma a importância do setor primário como base de desenvolvimento equilibrado e sustentável para Santa Catarina.
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