Postado em 18 de Junho às 15h01

A importância da EPAGRI para SC

 
VANIR ZANATTA
Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC)

Vanir Zanatta, Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC).

A história do desenvolvimento rural em Santa Catarina se entrelaça, de modo indelével, com o trabalho técnico-científico da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina – Epagri. Em uma época marcada pela aceleração da produtividade no campo e pela urgência de práticas sustentáveis, é imperioso reconhecer o protagonismo dessa instituição na transformação da agricultura catarinense. Seu legado ultrapassa os domínios da pesquisa empírica e se consolida como elemento estratégico de desenvolvimento econômico, social e ambiental do Estado.
O desempenho da Epagri em 2024 é reflexo de uma trajetória sólida de eficiência e compromisso público. Cada real investido pelo Governo de Santa Catarina retornou à sociedade multiplicado por quase dez, atingindo o valor de R$ 9,77, conforme balanço social da instituição. Essa cifra transcende a métrica financeira: representa incremento da produtividade agrícola, diminuição de custos operacionais, ampliação de áreas cultiváveis, agregação de valor aos produtos e disseminação de conhecimento entre os agentes do meio rural. O impacto global de R$ 11,72 bilhões, gerado pelas 128 tecnologias desenvolvidas no período, atesta a relevância dessa contribuição.
O êxito da Epagri repousa sobre um tripé técnico: a inovação contínua, a sustentabilidade como princípio e a extensão rural como instrumento de transformação. Tecnologias como o feijão preto SCS208 Cronos, resistente a variações climáticas, e o carioca SCS207 Querência, tolerante à antracnose, são exemplos da precisão científica aplicada ao cotidiano do produtor. O arroz SCSBRS 126 Dueto, apto a suportar extremos térmicos, demonstra como a pesquisa pode responder às mudanças climáticas sem sacrificar o desempenho agronômico. Essas cultivares não apenas aumentam a produção, mas ressignificam a segurança alimentar e a resiliência do sistema agropecuário.
É forçoso reconhecer que tais avanços são frutos de décadas de empenho institucional e de uma visão estratégica que compreende o campo como espaço de oportunidades. A atuação da Epagri no fortalecimento da agricultura familiar, na valorização do saber local e na difusão de práticas ambientalmente responsáveis confere-lhe um papel civilizatório. Seu trabalho não se limita à geração de resultados econômicos; traduz-se também na dignificação do agricultor, na preservação dos recursos naturais e no combate à desigualdade estrutural.
Contudo, diante da crescente complexidade dos desafios globais, o fortalecimento da pesquisa agropecuária brasileira exige novos arranjos e investimentos compatíveis com as nações que disputam protagonismo no mercado mundial. A sinergia entre Epagri, Embrapa, universidades, centros tecnológicos, Senar, cooperativas agropecuárias e demais entes públicos e privados constitui o caminho natural para sustentar uma cadeia de inovação sólida e duradoura. Essa integração é condição sine qua non para impulsionar a competitividade e a sustentabilidade do agronegócio nacional e viabilizar soluções de alto impacto para o presente e o futuro do setor.
As cooperativas, em especial, são parceiras naturais da ciência aplicada. Sua capilaridade social e capacidade organizativa permitem que os frutos da pesquisa se multipliquem nas propriedades rurais. Não é coincidência que experiências exitosas em extensão rural e difusão de tecnologias tenham, historicamente, contado com o apoio do cooperativismo. Tal convergência deve ser incentivada por políticas públicas de fomento, com mecanismos transparentes e eficientes de apoio à pesquisa científica.
A valorização da Epagri, portanto, não é apenas um tributo institucional. É uma estratégia de Estado, orientada pela convicção de que o saber técnico-científico é o motor do desenvolvimento rural sustentável. A continuidade e ampliação dos investimentos nessa área significam, em última instância, um compromisso com a soberania alimentar, com a justiça social e com o progresso de Santa Catarina.

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