Buscar inspiração em empresária com uma trajetória consolidada e motivadora se tornou uma regra para a CDL Jovem Chapecó (Câmara de Dirigentes Lojistas Jovem), que neste ano engajou seus membros em palestras como a da empreendedora Roze Dávi, de 70 anos, proprietária da imobiliária Nostra Casa, que completou 45 anos em abril. Natural de Seberi, no Rio Grande do Sul, veio com sua família para o oeste catarinense ainda quando tinha 14 anos, período em que o seu pai recebeu uma oportunidade de trabalho.
Aos 17, a conexão com o esporte também foi o caminho que a permitiu constituir sua família. Com a altura ideal, Roze dedicou-se ao vôlei e foi convidada para representar o município nos Jogos Abertos de Santa Catarina (JASC), quando Chapecó (SC) estreou na competição, nos anos 70, em Concórdia (SC). Também foi atleta do tênis de mesa. Foi durante suas experiências esportivas que a empresária conheceu o marido Daví Dávi (in memoriam). Namoraram por oito anos e se casaram.
Juntos fortaleceram o propósito de empreender. A Nostra Casa foi idealizada nos bancos da faculdade onde Dávi cursou Direito, em Cruz Alta (RS). Nesse período, também ingressou em um curso de direito imobiliário. “Se assemelhava ao atual EaD. Ele recebia o material por correio, estudava, respondia as questões e enviava novamente. Ao acompanhar seus processos, estudei também”, contou Roze.
Antes de constituir a empresa, Dávi trabalhava no Palácio dos Esportes, um negócio da família. Já Roze era desenhista no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). “Então, ele me perguntou ‘o que você acha de eu sair da Palácio e empreendermos?’. A ideia era que sobrevivêssemos com o meu salário, que não era muito alto. Contudo, como não pagávamos aluguel, aceitei. Foram tempos bem difíceis”, salientou a empresária.
Todo dinheiro era rigorosamente contado e investido somente no que necessitavam. Apesar dos desafios, nunca pediram apoio. “Um dia meu sogro percebeu nossa dificuldade e me deu 10 cruzeiros e disse ‘vai no armazém’. Como tínhamos um filho ainda pequeno, comprei algumas frutas. Normalmente, não comprávamos nem água quando ficávamos com sede na rua, porque não nos permitíamos gastar, nossa prioridade era investir na empresa e todos os esforços eram direcionados a ela.”
Quando a Nostra Casa completou três anos, com uma rápida ascensão, Dávi sugeriu à esposa que saísse do Incra para auxiliar na imobiliária. “Comecei com tarefas de rotina e de apoio logístico. Se precisasse ir ao correio, limpar e fazer café, fazia. Tivemos muito cuidado com todos os procedimentos. Da mesma forma, com os colaboradores. Adotamos uma visão familiar, de troca, valores e respeito. Essa proximidade com a equipe resultou em muitos encontros de lazer. Hoje é mais difícil, já que cada um tem seus compromissos”, frisou Roze.
FORA DOS PLANOS
O crescimento acelerado da Nostra Casa, não isentou os desafios. Roze contou que foram muitos obstáculos, principalmente administrativos, mas comuns no empreendedorismo. Paralelo a eles, em 2011, a família também lidou com questões pessoais, que tiveram impacto emocional e, inevitavelmente, direcionaram a uma nova rota. “Como de costume, fiz exames rotineiros. Estávamos de férias na praia quando a secretária do médico me ligou e pediu para que eu refizesse alguns exames. Recebi o diagnóstico de câncer de mama.”
A empresária não contou para a família, com o receio de interromper as negociações da empresa, até que o seu marido a convidou para uma missão empresarial em Buenos Aires, na Argentina. “Sempre gostei de viajar. Ele reservou as passagens e estranhou a minha resistência à proposta. Daí contei o motivo. Eu estava tranquila, porque é importante gerir essas situações, mas sabia que a família desabaria. Fiz a cirurgia e a alta demanda da empresa contribuiu para que não tivessem muito tempo para se preocupar. Deu tudo certo.”
DESAFIO DOLOROSO
Enfrentar um câncer não foi ainda seu maior empecilho. Em novembro de 2016, Chapecó silenciou. Seis sobreviventes e 71 mortos na tragédia que comoveu o mundo. O avião que levava a Chapecoense para a final da Copa Sul-Americana caiu perto de chegar ao seu destino: Medellín, na Colômbia. Davi Dávi estava entre os passageiros, ainda pior, entre as vítimas fatais.
“Fico emocionada e lido com essa dor, porque nada supre a falta. Tivemos que ter muita união para continuarmos. Sempre ressalto o quanto, além de ser próximo das pessoas, ele era organizado e transparente. Conseguimos administrar a empresa, porque ele sempre compartilhou as informações com a família. Por isso, um dos aprendizados que o Daví nos trouxe foi a importância de ter uma comunicação alinhada. Esse é um dos principais conselhos que dou a quem empreende. Estamos todos sujeitos a qualquer importuno”, salientou Roze.
SUCESSO
O sucesso da Nostra Casa foi fruto de uma trajetória de dedicação, estudo e sensibilidade. A imobiliária, atualmente, tem mais de 100 mil registros em seu cadastro e cerca de 3.500 imóveis locados. “Temos uma das maiores carteiras de locação do Estado de Santa Catarina. Mas não conquistamos nada sozinhos. Além dos nossos clientes, contamos com o comprometimento dos nossos mais de duzentos colaboradores, amigos, parceiros e familiares. Por isso, é essencial trabalharmos em conjunto, ouvirmos as pessoas”.
Para a coordenadora da CDL Jovem Chapecó, Mara Nolasco, ter a oportunidade de conhecer uma trajetória como a de Roze Dávi é um privilégio. “É uma história que emociona, inspira e ensina. Roze representa a força de quem acredita no empreendedorismo, nos valores humanos e na capacidade de se transformar diante das adversidades. Para nós, da CDL Jovem, ela deixa um aprendizado inesquecível e nos motiva a construir novos caminhos e também inspirar novas gerações.”
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