Postado em 13 de Maio de 2019 às 17h31

Bovinocultura de corte cresce no Sul de SC

Santa Catarina produz pouco mais da metade da carne bovina que consome, mas programa desenvolvido pela Faesc, Senar/SC e Sebrae/SC vai mudar essa realidade.

Cerca de 300 produtores rurais do Sul do Estado participaram, no último fim de semana, do Dia de Campo Regional do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (AteG) em Pecuária de Corte organizado pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC), Sebrae/SC e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR). As atividades foram desenvolvidas na Fazenda Bela Vista do proprietário Arnaldo Jesus Bez Batti, no município sulcatarinense de Imaruí.
O evento foi coordenado pelo presidente do Sistema FAESC/SENAR-SC José Zeferino Pedrozo, primeiro vice-presidente de finanças e coordenador estadual do Programa Antônio Marcos Pagani de Souza e pelo superintendente do SENAR Santa Catarina, Gilmar Antônio Zanluchi. Também participaram o vice-presidente de secretaria Enori Barbieri e a supervisora regional Sueli Silveira Rosa.
O Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) em Bovinocultura de Corte iniciou em 2016 e representou um avanço na capacitação dos produtores rurais, preparando-os para a condução das atividades pecuárias com uma visão empresarial e o emprego de avançadas técnicas de gestão e controle. Essa iniciativa é resultado de uma parceria entre o Senar/SC e o Sebrae/SC. Os objetivos são aumentar a produção, a produtividade e o nível de gestão, incrementando a renda líquida nas propriedades rurais catarinenses.
Os estabelecimentos rurais são assistidos em gestão, genética, manejo adequado, melhoria da alimentação e das instalações dos estabelecimentos rurais, através de visitas técnicas e gerenciais mensais no período de dois anos. Durante as visitas são transmitidas metodologias sobre cálculo de custos de produção, indicadores e análise de dados para planejamento estratégico conforme os pontos fortes e fracos de cada propriedade. Cada técnico atende o produtor com foco na transmissão de conhecimentos relacionados à gestão da empresa rural e técnicas de manejo voltadas às atividades de cada propriedade rural.
Até o momento o programa atende 1.200 propriedades rurais, divididos em 31 Sindicatos Rurais abrangendo 98 municípios das regiões do planalto serrano, oeste, norte, meio oeste, extremo oeste, Vale do Itajaí e sul. O programa permitiu a inseminação artificial de 50.000 matrizes bovinas com protocolo IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo), ampliados agora com mais 25.000 inseminações.
RESULTADOS
Levantamento com 500 propriedades participantes do ATeG comprovou a elevação geral do nível de eficiência. O custo de produção/ano caiu 24%, o faturamento médio anual aumentou 14% e o número de animais comercializados (média cabeças/ano) cresceu 33%. Outros indicadores também são altamente positivos com taxas expressivas de crescimento: produção média anual de bezerros (+25%), peso de desmame de machos (+11%), peso de desmame de fêmeas (+11%), índice de prenhez atingiu 79% das vacas (+22%) e índice de natalidade chegou a 83% de sucesso (+12%).
Os resultados obtidos com o Projeto de IATF (Inseminação Artificial por Tempo Fixo) foram apresentados pelo coordenador estadual do programa e vice-presidente de finanças da Faesc, Antônio Marcos Pagani de Souza. A meta é inseminar 65.000 matrizes em três anos no território barriga-verde e contribuir para a melhoria genética e do padrão racial dos rebanhos. Assim, será possível obter nascimento uniforme de animais e melhorar a produtividade do rebanho. 
Na temporada 2017/2018 foram inseminadas 18.905 matrizes com a obtenção de 69% de prenhez. Na temporada 2018/2019 a inseminação atingiu 21.903 matrizes com 79% de prenhez, ou seja, incremento de 10 pontos percentuais. Para o período 2019/2020 o objetivo é a inseminação de mais 25.000 vacas.
“Estamos conseguindo os resultados esperados com a padronização e o aumento na produção anual de terneiros, com estação de monta definida, melhoria do valor do kg do terneiro e aumento da renda da propriedade rural”, constatou Pagani.
O superintendente Gilmar Antônio Zanluchi apresentou os números gerais da atuação do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Santa Catarina em 2018: foram capacitadas 119.794 pessoas que vivem e trabalham no meio rural, organizadas em 4.748 turmas com 218.186 horas de treinamento. As três vertentes do trabalho do Senar são a formação profissional rural (FPR), a promoção social (PS) e a assistência técnica e gerencial (ATeG).
MANEJO REPRODUTIVO & GESTÃO
O supervisor técnico do Programa de Assistência Técnica e Gerencial em bovinocultura de corte, engenheiro agrônomo Luis Henrique Silva Correia, palestrou sobre “Manejo reprodutivo e genética dos rebanhos”. Atuou na Universidade da Califórnia, onde auxiliou em experimentos com recuperação de pastagens degradadas. Atualmente ocupa o cargo de Supervisor Regional no Serviço de Inteligência em Agronegócios (SIA), coordenando a equipe que atua no estado de Santa Catarina.
Expôs que os desafios são obter a regularidade da produção, o aumento de peso da desmama e a redução do custo de produção e focalizou as ferramentas para alcançar esses resultados. Destacou a importância do manejo do rebanho de cria e o condicionante nutricional. No animal, o alimento cumpre sucessivas funções: manutenção, produção de leite, crescimento, condição corporal e reprodução. Orientou sobre a importância de dividir o rebanho em pelo menos três grupos: novilhas, vacas de primeira cria e vacas adultas. Silva Correia também abordou a condição da forrageira, manejo sanitário, execução da IATF, repasse com touros e manejo dos touros e término da estação de monta.
Na sequência, o zootecnista Davi Teixeira apresentou o tema “Planejamento e gestão financeira de propriedades rurais”. Ele é diretor-executivo do Serviço de Inteligência em Agronegócios (SIA) e doutor em Zootecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Orientou sobre a gestão nas áreas de produção e tecnologia, administrativo e operacional, financeira e contábil, ambiental e social, entre outras. Indicou como principais itens de controle a lotação e o ganho de peso do rebanho, as despesas e receitas do estabelecimento rural.
Sugeriu que o produtor deve começar pelo básico e depois evoluir gradativamente, controlando os principais dados de produção e finanças. Assinalou que “é o produtor quem define como ajustar o processo produtivo e o gerenciamento no contexto do seu negócio”.
Na etapa final da programação do Dia de Campo Regional do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) em Pecuária de Corte foram apresentados dois cases de sucesso de fazendas participantes do programa.
O primeiro foi da Fazenda Bela Vista, que sediou o Dia de Campo. O técnico de campo Luiz de Souza e o proprietário Arnaldo Jesus Bez Batti, ao lado da família, relataram a evolução da fazenda que tem 600 hectares de área total, 477 hectares de área pastoril e dedica-se à criação de bovinos de corte e venda de reprodutores, em Imaruí.
O segundo case apresentado foi da Fazenda São João, de Tubarão. O proprietário Jorge Felisberto e a técnica de campo Caroline Freccia explicitaram os avanços obtidos. O estabelecimento rural tem 60 hectares de área total, dos quais 54,3 hectares são pastagens. A atividade central é a cria de bovinos de corte.
Na etapa final, o presidente do Sistema FAESC/SENAR José Zeferino Pedrozo, os vice-presidentes Antonio Marcos Pagani de Souza e Enori Barbieri, o superintendente do SENAR/SC Gilmar Antônio Zanluchi e a supervisora regional Sueli Silveira Rosa entregaram ao produtor rural Arnaldo Bez Batti e família uma placa em agradecimento pela realização do Dia de Campo Regional na propriedade dele, a Fazenda Bez Batti.
Após o encerramento foi servido almoço de confraternização. Depois da refeição ocorreu, no mesmo local, a Reunião Regional da FAESC com os líderes sindicais rurais do Sul do Estado. 

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